Hereditário | O luto, o trauma e o que aconteceu no final! [Explicação]

Atenção, pois este post contém spoilers de Hereditário! Prossiga com cuidado.

Se um recém conhecido resolve lhe consolar em um momento de luto apresentando a você um ritual repleto de palavras esquisitas em uma língua incompreensível, talvez a resposta mais óbvia seja obrigada, talvez mais tarde. Principalmente se ele for Ann Dowd, considerando seu histórico em The Handmaid’s Tale. Este é um dos grandes ensinamentos de Hereditário, tido por muitos como o melhor filme de terror de 2018.

Dirigido e roteirizado pelo estreante em longas Ari Aster e do mesmo produtor do sucesso A Bruxa (2015), Hereditário conta a perturbadora história de uma família de luto pela perda de sua matriarca Ellen, a mãe de Annie (Toni Collette) e avó de Peter (Alex Wolff) e Charlie (Milly Shapiro). Após o funeral, fenômenos estranhos começam a acontecer na casa habitada pela família, o que acaba culminando em novas desgraças e um mistério sobre a morte da matriarca.

O filme é assustador e envolvente, e em muito se assemelha a clássicos como O Exorcista (1973) e O Bebê de Rosemary (1968), tendo sido visivelmente inspirado por este último. Diferente de obras de terror que se apoiam no jumpscare (filmes repletos de sustos, feitos para colecionar gritos da plateia), Hereditário foca na coesão e atmosfera de sua trama para atordoar o telespectador com um terror psicológico e algumas cenas explícitas de violência avassaladora.

Apesar de um final em sua maioria conclusivo, o longa termina com alguns questionamentos em aberto, que serão abordados a seguir.

 

Afinal, o que aconteceu no final de Hereditário?

 

No fim do longa, descobrimos por meio de um diálogo entre Joan (Dowd) e Peter que sua avó era conhecida como Rainha Leigh e fazia parte de uma seita satânica que tinha por objetivo procurar um novo corpo para ser o receptáculo do Rei Paimon na Terra.

De acordo com a demonologia, Paimon é um dos oito Reis do Inferno e Rei do Oeste, em referência à posição de sua casa no submundo. No ocultismo, ele é responsável por ensinar todas as artes, ciências e conhecimentos secretos, podendo revelar todos os mistérios da terra, além de trazer harmonia e dignidade a seus seguidores.

O diretor de Hereditário disse em uma entrevista que optou por usar Paimon em sua narrativa em vez do próprio demônio unicamente pelo fato de Satanás já ser uma carta batida em diversas obras. Acerto de Aster, que trouxe uma nova camada ao longa, tecendo a narrativa conforme as características específicas de sua entidade escolhida.

Uma delas é o símbolo que representa o selo de Paimon. Ele é visto em diversos momentos ao longo do filme, aparecendo primeiro no colar usado por Annie, idêntico ao de sua mãe, que é sepultada com ele. Mas principalmente, ele aparece no poste que é responsável por decapitar Charlie, em uma reviravolta para a plateia, que pelo marketing do filme acreditava ser a menina a protagonista.

 

 

A influência da escolha pela entidade Paimon também está presente na profissão de Anne. Paimon é um apreciador das artes e das ciências, o que é representado pelo trabalho de Annie, que constrói casas em miniatura para uma galeria de arte. O ímpeto pelas artes também é visto em Charlie, que usa de seus desenhos como forma de expressar.

Paimon ainda é descrito como mestre da verdade, capaz de responder a qualquer pergunta feita a ele. Isso se reflete na personalidade de Annie, que acaba sendo duramente sincera em momentos como aquele em que diz a Peter que nunca quis ser mãe dele e que tentou o abortar diversas vezes.

Outra peculiaridade de Paimon que serve à narrativa de Hereditário é o fato de que no longa esta entidade prefere possuir homens a mulheres. Essa informação valida o diálogo que Annie tem com Charlie no primeiro ato do filme. Nele, após Annie dizer à filha que ela era a neta favorita de Ellen, Charlie retruca afirmando que sua avó preferiria que ela tivesse nascido homem.

A preferência da matriarca se justifica porque ao ter nascido mulher, Charlie serviria apenas de receptáculo provisório de Paimon. Oportunamente, ele seria transferido para o corpo de um homem, no caso, o de Peter.

 

Peter assustado em Hereditário

 

Na primeira cena em que Annie vai ao grupo de apoio ao luto, ela fala sobre seu histórico familiar. Sua mãe tinha transtorno dissociativo de identidade, seu pai morreu de inanição decorrente de uma depressão severa e seu irmão era esquizofrênico, tendo cometido suicídio ainda jovem e culpado Ellen pelas vozes que atormentavam sua mente.

O suicídio do irmão de Annie é particularmente relevante para a trama do filme. Provavelmente, Ellen criou seu filho para entregar seu corpo a Paimon. No entanto, o rapaz interpretou o chamado da entidade como sinais de esquizofrenia. Não suportando mais viver desta forma, suicidou-se como forma de silenciar para sempre as vozes que escutava.

Com a morte de seu único filho homem, Ellen precisou encontrar um novo receptáculo.

E por que não usar seu genro, um corpo masculino já adulto e disponível?

Aqui, a dica está no título do filme: o estado de se conectar com Paimon é algo hereditário. Dessa forma, por não ser um parente consanguíneo descendente da linhagem de Ellen, Steve (Gabriel Byrne) não seria um receptáculo viável para receber Paimon.

Dessa forma, a atenção de Ellen recai para seu neto. Entretanto, o mau relacionamento que tinha com sua filha inviabilizou que ela fizesse parte do crescimento de Peter. No grupo de apoio ao luto, Annie revela que se sentiu muito culpada de não ter envolvido sua mãe na vida de seu filho. Por esta razão, acabou entregando Charlie totalmente aos seus cuidados. Quando Annie diz “Eu dei Charlie a ela“, tal afirmação soa quase como uma oferenda, da mesma forma que Ellen ofertou a menina a Paimon.

Em outro momento, Annie comenta com Charlie que sequer podia amamentá-la, pois sua mãe queria zelar sozinha pela criança. Na verdade, Ellen estava apenas se certificando de que sua neta cresceria forte, já que estava possuída por Paimon. A própria escolha do nome “Charlie”, majoritariamente masculino, revela que a menina estava possuída por Paimon desde antes de seu nascimento, como já foi confirmado pelo diretor em uma entrevista ao Variety. Assim, nunca existiu uma Charlie. Somente Paimon.

Dessa forma, quando Joan promete a Annie que o ritual convocará Charlie e em vez disso é invocado Paimon, tecnicamente ela disse a verdade, já que Paimon e Charlie são um só.

 

 

Conforme já mencionado, sempre foi parte do plano de Ellen e de seu clã transferir Paimon de Charlie para Peter, já que a entidade não poderia possuir o corpo de uma menina para sempre. Sendo assim, é possível que todos os acontecimentos da narrativa, inclusive a morte de Ellen, tenham sido em algum nível planejados ou previstos por ela, já que tudo caminharia para a conclusão da possessão de Peter.

Mas e Annie? Teria tido ela alguma participação no plano de sua mãe?

 

 

Acreditamos que em algum grau subconsciente é provável que sim. Sabemos que Annie tinha noção de que sua mãe era uma pessoa difícil, reservada, e que tinha “amigos secretos” com quem performava rituais estranhos, conforme exposto por ela no tributo fúnebre feito quando da morte de Ellen.

Além do mais, quando Annie engravidou de Peter, ela revelou que não queria ter o filho e fez de tudo para abortá-lo. Entretanto, todas as suas tentativas de aborto deram errado e Peter acabou nascendo. Será que Annie de alguma forma sabia do plano de sua mãe e por isso não queria que o menino viesse ao mundo?

Aliado a isso, temos o fato do sonambulismo de Annie e do episódio em que ela quase queimou seus filhos enquanto eles dormiam. Assustada, Annie despertou do sono após ter banhado seus filhos em querosene enquanto segurava um fósforo aceso em sua mão, pronta para colocar fogo nas crianças. Seria uma outra tentativa do subconsciente de Annie de prevenir disseminação do mal que acometia sua família?

 

 

Apesar desta teoria, o diretor Aster disse em entrevista ao portal Vulture que na verdade era o culto liderado por Ellen que estava por trás das ruínas da família e das atitudes de Annie o tempo todo: “A plateia é levada a crer que pode ser culpa de Annie, mas é culpa do culto no qual Ann Dowd tem uma participação significativa. Mas você deve sentir ao longo do filme que existem pessoas na periferia que ficam observando essa família e estão à espreita.

O diretor disse também que era inevitável que o clã de Paimon obtivesse sucesso em sua empreitada, mesmo que Annie decidisse não invocar Charlie: “Nós vemos no filme apenas uma das possibilidades do desenrolar da história. Em outras palavras, mesmo que ela [Annie] tivesse evitado a armadilha, seu destino iria alcançá-la de alguma outra forma.

 

Certo, mas e o final final?

 

Em uma tentativa desesperada de frear o espírito maligno com quem estava se comunicando, Annie decide atear fogo em si própria, ao perceber que ela e o espírito estavam de alguma forma conectados.

Só que justamente pela hereditariedade entre Paimon e sua família, a entidade acaba conseguindo possuir Annie, garantindo sua existência no plano terrestre, e queimando Steve vivo.

Quando Peter desperta com os gritos do pai, encontra seu corpo carbonizado e Annie possuída, iniciando uma luta por sua sobrevivência. Annie/Charlie/Paimon corta a sua própria cabeça, e Peter, assustado com este ato e com os senhores pelados que sorriam para ele, se joga pela janela. Este momento de fraqueza de Peter era o que Charlie/Paimon estava esperando para finalizar a transferência dos corpos.

Peter então ressurge como o Rei Paimon, vivendo o resto de seus dias como hospedeiro do demônio que assassinou toda a sua família. Um filme família, para levantar o espírito.

Mas o final do longa não é nenhuma surpresa, já que a tragédia foi anunciada desde o início. Pelo menos para aqueles que praticam ocultismo.

Na residência dos Graham, nos deparamos com palavras como satony, liftoach pandemonium, e zazas. Satony é uma palavra ligada à necromancia, e utilizada em rituais para conjurar os mortos. Liftoach é a palavra em hebraico para “abrir”, e pandemonium pode ser interpretado como sua definição usual de “caos”. Já zazas é um demônio usualmente conjurado em tabuleiros de Ouija.

A essas palavras, associa-se o fato de Charlie ter matado um pombo com os seus poderes, tendo coletado sua cabeça em seguida. O pombo é notoriamente conhecido por ser uma ave mensageira. Sua decapitação por Charlie poderia ser um sinal de que os demais mensageiros do filme também teriam suas cabeças decepadas.

A começar pela de Charlie.

 

 

A morte de Charlie era planejada pelo clã de Paimon, pois era condição necessária para que o espírito da entidade se desprendesse de seu corpo. Assim, ele estaria livre para possuir Peter, o escolhido como hospedeiro desde o início.

A segunda a ser decepada foi Ellen. Hereditário não deixa claro quem foi o responsável por desenterrar a matriarca da família Graham. Poderia ter sido Annie, em um surto sonâmbulo. Entretanto, é mais provável que tenha sido Charlie/Paimon a desenterrar o corpo de sua avó e decepar sua cabeça, considerando o histórico da menina em decapitar animais.

Por fim, Annie, ao ser possuída por Paimon, cortou sua própria cabeça com um fio de aço.

Mas por que tantas cabeças decepadas no filme? Haveria algum significado para elas?

Na última cena de Hereditário, Peter assiste enquanto o corpo decepado de sua mãe flutua para a casa na árvore, antes de ele fazer o mesmo. Ao chegar lá, Peter encontra um altar, contendo um corpo metálico e, no topo dele, a cabeça em decomposição de sua irmã Charlie usando uma coroa. Em adoração a esta mórbida figura, senhores pelados estão prostrados, juntamente com Joan e os corpos sem cabeça de Annie e Ellen. Peter então é coroado por Joan como o novo Rei Paimon.

Os corpos decapitados podem representar nesta cena final a submissão de toda a linhagem Graham a Paimon. A entidade sempre foi dona da mente de todos os consanguíneos de Ellen, e decepar a cabeça de seus corpos foi uma representação literal disso.

 

O luto, o trauma e a real história de Hereditário

Charlie, Annie Peter e Steve sentados à mesa em Hereditário

 

Assim como Corra! e os demais filmes de terror da última geração,  Hereditário é um filme de terror que numa camada mais profunda aborda temas mais sérios e mais palpáveis que o sobrenatural, como o luto, o trauma e o significado de hereditariedade. Para isso, transforma o conceito de “demônios” familiares em algo literal, materializando-o na família Graham como a entidade Paimon.

A real história de Hereditário consiste nas cicatrizes familiares que acontecem de forma randômica e que são inevitáveis, sejam elas doenças mentais ou grandes tragédias, como o luto advindo da perda de algum de seus membros. Mesmo sem a parte paranormal da trama, o filme ainda seria trágico e perturbador, pois narra a história da decadência de uma família que sofre perdas e lida com questões difíceis sem ter nenhuma culpa disso.

Aí está o verdadeiro terror, na aleatoriedade da vida.

Da mesma forma que o título do longa pode ser explicado sob o ponto de vista paranormal, Hereditário também é uma referência aos distúrbios mentais que acometem a família Graham e que são passados de geração a geração. O pai de Annie sofria de “depressão psicótica” e por isso parou de comer, vindo a morrer de inanição. Ellen tinha transtorno dissociativo de identidade (TDI), antigamente chamado de “dupla personalidade”, e tratado com maestria recentemente no filme Fragmentado. O irmão de Annie, por sua vez, era esquizofrênico e cometeu suicídio. É possível que Charlie possuísse transtorno de personalidade antissocial, o que podia ser refletido em seu comportamento de matar animais, guardar suas cabeças como troféus, ou desenhar imagens violentas em seu caderno.

Há estudos indicando que determinados transtornos mentais como a esquizofrenia e a depressão possuem um fator genético, que apesar de não ser determinístico para o desenvolvimento da psicopatologia, pode vir a influenciá-la. Assim, o título do filme também é uma alegoria para as doenças mentais que são passadas de geração em geração na família Graham.

A própria Annie, protagonista do longa, não está imune a esta hereditariedade. Apesar de ela demonstrar amar seus filhos e se preocupar com eles, faz declarações agressivas a Peter, como quando diz a ele que gostaria que ele não tivesse nascido e fez de tudo para abortá-lo. Além disso, Annie é sonâmbula, e certa vez despertou de um episódio no momento em que ia atear fogo em seus filhos enquanto eles dormiam. Por fim, Annie acaba sendo possuída por Paimon, e passa a agir de forma demoníaca, até que corta a sua própria cabeça com um fio de aço.

 

Annie é agressiva em Hereditário

 

Devido a este comportamento, é possível que Annie tivesse o mesmo transtorno dissociativo de identidade que sua mãe.

De acordo com o Manual Diagnóstico Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), os indivíduos que possuem este transtorno têm uma “ruptura da identidade caracterizada pela presença de dois ou mais estados de personalidades distintos, descrita em algumas culturas como uma experiência de possessão“. Essas pessoas possuem alterações concernentes ao afeto e ao comportamento, como a forma que Annie tratava Peter. Não raro, os indivíduos portadores deste transtorno têm lapsos de amnésia e transtornos do sono, como o sonambulismo de Annie e o episódio em que ela se esqueceu que havia colocado querosene em seus filhos.

Já sobre a experiência de possessão, o DSM-5 explica que no transtorno dissociativo de identidade ela se manifesta “como comportamentos que surgem como se um ‘espírito’, um ser sobrenatural ou uma entidade externa tivesse assumido o controle, de tal forma que o indivíduo começa a falar e agir de maneira claramente diferente, (…) a pessoa pode ser ‘possuída’ por um demônio ou divindade, resultando em uma alteração profunda, e exigindo que a própria pessoa ou um familiar seu seja punido por uma ação do passado“. Mera coincidência?

Annie poderia ter também episódios de fuga dissociativa. Apesar de não necessariamente ser sintoma de algum transtorno mental, a fuga dissociativa também está associada ao TDI ou a um estado de trauma prolongado (como o luto de Annie pela morte da mãe e de Charlie). Os indivíduos nessa condição sofrem de amnésia temporária, podendo esquecer desde seu nome ou onde vivem ou até mesmo sua personalidade e memórias.

 

Annie sofrendo em Hereditário

 

Steve, o marido de Annie, em uma conversa telefônica dá a entender que não era a primeira vez que Annie tinha episódios de TDI. Por ser um psicólogo, ele identificou os sinais de um surto em Annie e conversou com seu médico que ela havia voltado a apresentar um comportamento prejudicial e destrutivo, não sabendo mais como agir para freá-la.

A própria profissão de Steve reflete a tentativa do longa em equilibrar os distúrbios mentais que acometem sua família. Enquanto todos estão em surto, seja mental ou pela dor do luto, Steve se mantém como o porto seguro, aquele com que os demais sabem que podem contar.

Na metáfora do filme sobre transtornos mentais, possivelmente Peter também possuía algum tipo de distúrbio, já que no final viu o espírito decapitado de sua mãe flutuar até a casa na árvore, delirando também sobre a presença de idosos pelados idolatrando a cabeça de sua irmã.

Hereditário é um filme poderosamente assustador que demonstra que o terror real não reside no sobrenatural. A inevitabilidade do sofrimento, seja por transtornos mentais ou por traumas, é o verdadeiro Paimon do filme – e da vida.

 

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Boo Mesquita

Geek de carteirinha e cinéfila, ama assistir a filmes e séries, ir a shows, ler livros e jogar, sejam games no ps4 ou boards. Quando não está escrevendo, pode ser vista fazendo pole dance, comendo fora ou brincando com cachorrinhos. Me siga no Instagram!

47 thoughts on “Hereditário | O luto, o trauma e o que aconteceu no final! [Explicação]

  • 22 Agosto, 2018 at 2:05
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    Perfeita a análise, me esclareceu demais. Muito obrigado.

    Reply
    • 3 Setembro, 2018 at 22:03
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      Que bom que você gostou, Gean! Não se esqueça de assinar nossa newsletter para ficar por dentro dos novos posts =)

      Reply
      • 20 Maio, 2020 at 1:18
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        Perfeito, queria uma boa resenha cm spilers. Agora achei o filme interessante vlw.

        Reply
  • 23 Agosto, 2018 at 2:34
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    Já li algumas críticas que acham que a produção é um filme sobre loucura. Faz um pouco de sentido também! Poré entre um filme de possessão demoníaca e um filme sobre uma doença mental (esquizofrenia no melhor das hipóteses) que assolou toda uma família, prefiro ficar com a primeira ideia, rsrs…

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    • 3 Setembro, 2018 at 22:04
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      Hehehe sim, essa é uma das maravilhas sobre filmes com mais de uma camada, podemos escolher a interpretação que melhor nos convém =)

      Reply
    • 1 Março, 2021 at 4:35
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      Isso é o que eu chamo de uma análise de filme, ficou incrível! slk 0u0

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    • 28 Março, 2021 at 12:00
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      Assistir o filme somente agora. Amei seu texto. Parabéns! 🌻✨

      Reply
  • 23 Agosto, 2018 at 21:39
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    Perfeita a sua análise. Parabéns. Fico feliz porque já havia captado praticamente tudo que você postou antes de ler seu texto, que apenas confirmou o que eu pensava ter entendido.

    Apenas o finalzinho do seu texto, me pareceu que você se equivocou. Não se tratou de uma alucinação de Peter. Porque a corrente no pescoço de Ellen e Charlie (ela também tinha uma, certo?) mostram que todo o final aconteceu mesmo no contexto da narrativa.

    Sobre o pingente, quero registrar que foram buscar um demônio de fato cultuado por satanistas, com direito inclusive ao seu símbolo cabalístico verdadeiro. E eu me pergunto se ao final do filme, todos nós que o assistimos não participamos sem quer de um verdadeiro ato de evocação desse demônio.

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    • 3 Setembro, 2018 at 11:29
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      belíssima visão! um filme muito bom, porém perturbador! e o final da de certa forma para entender que ate quem assiste o filme, participa involuntariamente do ritual. Macabro…

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      • 3 Setembro, 2018 at 22:12
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        Eu fiquei com a mesma impressão…acho que foi por isso que fiquei dias a fio como esse filme na cabeça sem conseguir dormir direito =P

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    • 3 Setembro, 2018 at 22:06
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      André, com certeza! Coloquei que ele teve uma alucinação apenas para fins da metáfora que Hereditário representa sobre a questão das doenças mentais, mas no plano real do filme todas aquelas situações não foram inventadas, elas realmente aconteceram. Fico muito feliz que tenha gostado do post! ^^

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      • 2 Dezembro, 2019 at 19:55
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        análise perfeita. sem comentários!

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  • 24 Agosto, 2018 at 1:44
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    Perfeita análise. Existe ainda alguns pormenores a serem esclarecidos e explanados mas o essencial tá aí. Parabéns.

    Reply
    • 3 Setembro, 2018 at 22:07
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      Obrigada, Raphael! =)

      Reply
  • 24 Agosto, 2018 at 10:30
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    Por falar em hereditário… Annie tem olhos claros (a,a), Steve também… não lembro, em momento algum do filme, alguma explicação de que Charlie seria bastardo…

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    • 3 Setembro, 2018 at 22:07
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      Cleber, está é uma boa teoria…ainda não tinha parado para pensar sobre isso, mas será que os olhos escuros não remete à possessão de Paimon?

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  • 26 Agosto, 2018 at 2:11
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    filme sem graça…muito boboca e mentiroso. monótono e sem clareza.

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  • 27 Agosto, 2018 at 2:26
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    Um detalhe que parece muito relevante também é a maneira como morrem o filho e o neto de Joan, a amiga da mãe de Annie (partindo do pressuposto de que não é uma mentira da personagem), pois indica, mais uma vez, uma tentativa de “fuga” dos receptáculos masculinos em potencial.

    Reply
    • 3 Setembro, 2018 at 22:09
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      Vinicius, é verdade! O filme não explorou isso, mas acho seguro especularmos que ele também teve um fim trágico para fugir do terrível plano de possessão.

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  • 27 Agosto, 2018 at 11:15
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    Esse filme é muito ruim, do início ao fim. Comparar o mesmo ao Exorcista beira a blasfêmia.

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    • 3 Setembro, 2018 at 22:10
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      Oi Rocco! Você não achou que a possessão de Anne lembrou um pouco a de O Exorcista? De qualquer forma, obrigada por seu comentário! =)

      Reply
  • 1 Setembro, 2018 at 21:27
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    “Na metáfora do filme sobre transtornos mentais, possivelmente Peter também possuía algum tipo de distúrbio, já que no final viu o espírito decapitado de sua mãe flutuar até a casa na árvore, delirando também sobre a presença de idosos pelados idolatrando a cabeça de sua irmã.”

    Ele não tava delirando. Aquilo realmente aconteceu.

    Reply
    • 3 Setembro, 2018 at 22:11
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      Oi Jordan, concordo com você! Coloquei esse trecho final ao especular sobre a metáfora do filme com relação aos transtornos mentais. Mas para a realidade do filme, ele realmente não estava delirando. Todo o final aconteceu daquela forma conforme retratada.

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  • 18 Setembro, 2018 at 21:56
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    Sua crítica é excelente! Quanto a entidade, é uma das mais populares da Goetia, que são 22 no total. Minha teoria é que a invocação do deamon causou os distúrbios mentais na família desde a avó. Muito comum quando se utiliza de tal prática. Gostei do filme e de sua análise😉

    Reply
  • 19 Setembro, 2018 at 3:23
    Permalink

    Excelente análise, parabéns!

    Reply
  • 22 Setembro, 2018 at 12:50
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    Parabéns pelo texto, perfeito. Um bom tema de TCC, seja em cinema ou em psicologia/psiquiatria.

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  • 28 Setembro, 2018 at 9:40
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    Um filme família para levantar o espírito kkkkkk pqp vc me ganhou nessa

    Reply
    • 30 Setembro, 2019 at 12:19
      Permalink

      Que análise maravilhosa…já estou no aguardo para uma análise desse tipo sobre midsommar

      Reply
  • 25 Outubro, 2018 at 15:39
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    Muito boa essa explicação! Graças a ela resolvi assistir o filme novamente e mudar minha opinião sobre ele. Na primeira vez que assisti, odiei. Em parte devido ao fato de não ter entendido absolutamente nada. Mas na segunda, com essas novas informações, a experiência foi completamente diferente.
    Meu maior problema com esse filme é o exagero no suspense, que chega a ficar monótono, passando muito tempo explorando uma cena em que absolutamente nada é mostrado, confundindo demais o espectador.

    Reply
    • 25 Outubro, 2018 at 19:43
      Permalink

      Alex, fico MUITO feliz em ter contribuído para a sua experiência com o filme! =)
      Se você quiser, segue a gente nas redes sociais que sempre tentamos trazer um conteúdo complementar de séries e filmes! ^^

      Reply
    • 7 Janeiro, 2020 at 10:06
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      verdade, tambem nao gostei dessse filme, mas depois dessa analise, vou ve-lo na proxima vez que ele passar na TV.

      Reply
  • 12 Novembro, 2018 at 12:12
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    Fiquei com umas dúvidas e não estou conseguindo perceber a ligação do ocorrido com alguma das teorias. Primeiro, o cachorro q mal aparece, no final do filme mostra ele deitado (dormindo ou morto) mas com toda a confusão em casa e ele nem se manifesta?! Segundo, quando o Peter se joga da janela, sai uma “sombra” preta e entra uma luz, o que poderia significar?! Já que o escuro em nossa cultura é dito como o mal e a luz como o bem, sendo ele estar sendo possuído por um demônio.

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    • 18 Novembro, 2018 at 19:47
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      Michele, realmente o cachorro pode ter sido um furo, como se o filme tivesse ignorado sua existência, mas essa luz em Peter poderia significar sim sua possessão…o que seria realmente a subversão de simbolismos, já que como você bem colocou, em nossa cultura a luz normalmente é algo relacionado ao divino, ou a algo “bom”.

      Reply
  • 24 Novembro, 2018 at 2:22
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    Ótimo filme… perfeita análise. Parabéns!!!

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  • 7 Janeiro, 2019 at 0:37
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    Faltou mencionar a coincidência da Joani(não sei se escreve asism mesmo, mas é a mulher que apresenta o ritual pra Annie) ter perdido seu filho e dois netos ao mesmo tempo, indicando que talvez eles tbm tenham se suicidado pra evitar que virassem receptáculo de paimom, assim como o filho de Ellen.

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  • 28 Abril, 2019 at 0:17
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    Cheguei meio atrasado, vi o filme só hoje.
    Gostei muito da sua análise! Sou médico, e do início ao fim do filme tudo o que vi foi um quadro de psicose, o que acho que explica todas as cenas.
    A esquizofrenia tem um componente hereditário forte. A prevalência na população é de 1%, mas sobe para 10% caso um parente de primeiro grau seja afetado. O pai e o irmão de Annie eram psicóticos, e morreram como consequência do distúrbio mental. A cuidadora dos dois era a Ellen, pessoa com crenças fora do comum. Crenças essas que podem ter dado a personagem uma visão diferente dos problemas do filho e marido, atribuindo seus sintomas a causas ocultas e possivelmente não ofertando tratamento psiquiátrico adequado. A psicose descontrolada por falta de tratamento e agravada pelo ambiente ritualístico da Ellen levou a morte deles.
    Annie, Peter e Charlie possuem um risco maior risco de desenvolver esquizofrenia devido a história familiar. Interessante que a doença pode ser precedida por um pródromo, ou seja, algumas características ou sintomas brandos que podem aparecer antes da doença em si. Um exemplo disso são determinados transtornos de personalidade, como os transtornos ezquizoide e ezquizotípico, que podem acompanhar o paciente desde a infância. Charlie era uma criança bem peculiar, de poucos amigos, “esquisita”. É possível que seu comportamento faça parte de um pródromo de transtornos psicóticos. Ela morreu precocemente, então jamais saberemos se iria evoluir para esquizofrenia mesmo.
    Annie e Peter até então não eram psicóticos. O primeiro surto psicótico ocorre tipicamente em 1- Homens jovens, 15-25 anos. 2- Mulheres de meia idade. Geralmente, esse surto é precipitado por stress emocional.
    Bom, Annie e Peter tem história familiar positiva, estão na idade de maior incidência de esquizofrenia e estão em um período de stress intenso!! No caso de Peter há ainda um importante agravante: uso de maconha na adolescência.
    Acredito que isso explica todas as demais cenas do filme- Annie e Peter estão em um surto psicótico.
    Alucinação auditiva é o principal distúrbio de sensopercepção da esquizofrenia, teve uma cena na escola que mostrou Peter escutando vozes e estalos e mostrando o ouvido dele.
    O comportamento de Annie é compatível com um delírio persecutório. Acredita que há pessoas perseguindo sua família, que a senhora que ofereceu ajuda era amiga de sua mãe, e na verdade tinha ensinado um ritual para invocar um demônio no corpo do filho. O delírio também se concentra em torno do livro da filha, acredita ser uma espécie de portal, e está completamente determinada a queima-lo, mas não consegue pois começa a pegar fogo junto. Além disso, também tem um quadro dissociativo- não lembra de coisas que fez, como quando ficou sonambula e quase ateou fogo nos filhos. O que mais ela não lembra? Talvez desenterrar a mãe? Colocar fogo no marido? Puxar a cabeça do filho enquanto ele dorme?
    A partir daí o filme acontece de acordo com a visão de Peter. Ele já estava bem perturbado, imagina após ver o corpo do pai carbonizado, ele surtou de vez! As cenas começam a ficar cada vez mais absurdas, com corpos voando e pessoas andando peladas pela casa- isso tudo pode ter sido o delírio do Peter!
    Enfim, cabe várias interpretações aí, mas acredito que o filme todo pode ser explicado pela doença. Até o título.

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    • 12 Dezembro, 2019 at 0:05
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      tive essa mesma análise do filme, como se a doença, a psicose começasse a se manifestar nela mais intensamente após perder a mãe, e logo depois a filha, eu ao menos ví por esse ângulo, o marido é o mais sã pois ele n tem os genes, provavelmente morreu queimado pela própria esposa, ela pensou estar jogando o livro mais na vdd colocou fogo nele, pois naquele momento o filme retrata a visão dela, distorcida e acreditando em fatos sobrenaturais em funçao da doença, sendo que ela acabou colocando fogo nele

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  • 14 Setembro, 2019 at 17:50
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    Achei ótimo esse filme porque serve de alerta para as pessoas não mexerem com ocultismo. Os exorcistas católicos sempre alertam que brincar com o oculto especialmente o tabuleiro Ouija é um grande convite para a atividade demoníaca. O filme do mesmo diretor MiddSommer que vi noite passada é igualmente um alerta para as pessoas que participam de cultos e seitas pagãs. Não sei se o cineasta é católico mas se não for ele parece ter uma visão clara do que acontece com as pessoas quando elas tiram Jesus Cristo do centro das coisas e cultuam as falsas divindades.

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  • 4 Outubro, 2019 at 0:31
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    Nossa, simplesmente fantástica sua análise. Eu assisti o filme no cinema e adorei, porém, realmente fiquei com muitas dúvidas. Sou amante de filmes, especialmente suspense e terror, mas esse filme realmente exige muita interpretação. Agora sim! Quero até assistir de novo para prestar atenção nos detalhes sob a ótica de sua explicação. Parabéns, seu trabalho é incrível!

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  • 26 Outubro, 2019 at 9:03
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    Assisti ao filme ontem e confesso que passei mal, tal a densidade do filme… a morte de Charlie me pegou de extrema surpresa, não estávamos mesmo esperando que isso ocorresse, pois esperávamos que ela seria a protagonista do filme. as interpretações dos atores nos colocavam naquele terror e tensão de todos acontecimentos que ainda nao sabíamos do que se tratavam em si.

    Sua analise do filme foi muito boa. Fiquei bem impactada com esse longa… mas ao contrário de você, eu só queria que tudo aquilo acabasse rapido.

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  • 5 Fevereiro, 2020 at 18:56
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    Muito boa sua análise. É realmente um filme cheio de camadas que revelam e escondem informações todo o tempo. Acho que cada pessoa, dentro de suas experiências pessoais, pode crer que era apenas um caso de doença mental da família ou que o sobrenatural agia ali, levanto ao fatídico desfecho. Então vemos Ellen, a avó, como parte de uma seita satanista, preparando sua família para a possível vinda de uma entidade ao mundo. Temos Annie, que talvez, de forma inconsciente, tentou evitar o nascimento de um filho, o alvo da seita para a possessão, mas os poderes envolvidos mantiveram a gravidez. Annie rompeu com a mãe e entregou a filha “Charlie”, um receptáculo inadequado para Paimon, protegendo Peter. Mas a ligação genética manteve o poder ali, circulando entre eles, esperando a chance de atacar e assumir o que a seita havia planejado. Steve, o pai, que era o ponto neutro e fora da linhagem, devia ser eliminado.
    A sensação de que Annie não tinha escolha é clara, ela mandou Charlie para a morte, executou um ritual de invocação crendo ser inofensivo e envolveu a família como parte dele. Me chamou a atenção Peter ser usuário de maconha, um entorpecente que “relaxa” a mente, baixando a guarda do rapaz para a ação da entidade. Ele se torna fragilizado e paranoico e acho que abriu algum chacra para a possessão. A cena na escola mostra seu rosto transfigurando, como se Charlie estivesse assumindo suas feições e dali por diante foi só ladeira abaixo.
    Filme denso, tenso, cheio de entrelinhas que precisam de atenção para não perder o fio da meada, principalmente por causa de Annie, a personagem mais complexa da trama.

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  • 21 Abril, 2020 at 20:25
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    Gostei da sua análise, principalmente pelas informações da entidade Paimon. Confesso que senti falta de mais esclarecimentos no próprio filme, mas a estória, o enredo é perturbador, sem sombra de dúvida!

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  • 21 Abril, 2020 at 21:27
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    Mas por que esse lenga lenga todo… se Peter nasceu primeiro que a Charlie? Não era só Paimon ter possuído Peter logo de cara?

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    • 16 Maio, 2020 at 20:31
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      Pq Annie não permitiu que sua mãe se aproximasse do neto por muito tempo…
      E era a mãe de Annie, Ellen, junto com seu culto, que evocavam o demônio.

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  • 21 Junho, 2020 at 11:32
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    Discordo da sua segunda parte da análise quando diz que o verdadeiro paimon do filme são os transtornos mentais. O diretor flerta com a possibilidade da existência exterior do mal representada pelo paimon. Vc não pode negar essa realidade nem dentro nem fora do filme. Fora é uma questão de experiência individual do sagrado. Mas dentro, o diretor deixa claro a existência sólida da possessão. Mas é seu ponto de vista. Eu acrescentaria uma terceira via. Dentro da disciplina chamada Demonologia, o fenômeno da infestação causa traumas e distúrbios psíquicos. Não importa se de fato, mas dentro da história. Há relatos de maldições que prosperam por séculos e gerações. Apenas uma visão diferente da sua! Ótima análise

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  • 27 Dezembro, 2020 at 20:05
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    Essa ideia de “hereditário” poder significar hereditariedade de transtornos psíquicos é muito boa e faz sentido, o que enriquece ainda mais o filme e faz com que seja um dos maiores de todos os tempos no gênero terror. Eu apostaria que a história realmente muda de narrador: começa com Charlie, passa por Annie e termina com Peter; cada um sob o ponto de vista de um sintoma mais marcado que o outro, embora todos tenham “ligação” ou um aspecto de comorbidade que os interliga. Transtorno antisocial, transtorno dissociativo e psicose. O pai, fora do problema genético familiar, é o único personagem confiável, auxiliando o espectador na trama… Sua morte marca a entrada na fantasia completa, com picos de violência gráfica e lutas, no delírio absoluto.

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