We can do it: Lego Mulheres da Nasa é campeão de vendas na Amazon
A nova coleção do Lego Mulheres da Nasa esgotou nas vendas pela Amazon em apenas 24 horas da sua estreia, que ocorreu no primeiro dia deste mês. Essa notícia veio para solidificar a importância da representatividade no mundo dos brinquedos.
Mulheres da Nasa é um conjunto de Lego com 231 peças, e prestigia 4 mulheres:
- Mae Jemison – primeira astronauta negra a ir para o espaço
- Sally Ride – primeira mulher norte-americana a ir para o espaço
- Nancy Grace Roman – planejadora do Telescópio Espacial Hubble
- Margaret Hamilton – desenvolvedora do programa de voo da Apollo 11
Belas, recatadas e do lar
Também seria homenageada nesse set Katherine Johnson, matemática da NASA responsável por fazer cálculos de trajetória que viabilizaram os programas Mercurio e Apollo, e cuja história foi ilustrada no filme Estrelas Além do Tempo, sucesso de crítica e de bilheteria. No entanto, por questões autorais, ela acabou ficando de fora do conjunto.
Essa coleção veio de um projeto do Lego Ideas, um conceito muito bacana em que fãs podem criar novos projetos para o Lego, que ficam no site disponíveis para votação. Os que obtiverem mais de 10.000 votos são submetidos ao Comitê de Revisão de Projetos, que estuda a viabilidade de transformar o projeto em uma nova coleção de Lego. Se aprovado, a ideia do fã do brinquedo pode acabar nas prateleiras de lojas de todo o mundo!
Representatividade
Mulheres da NASA vem como uma resposta tardia da companhia às críticas pela falta de bonecos do sexo feminino em papéis profissionais, o que tomou proporções maiores quando em 2014 esta carta caiu na mídia:
7yo Charlotte writes an adorable and strongly worded letter to LEGO regarding the lack of adventures for girls. pic.twitter.com/JblNKzCwJs
— SocImages (@SocImages) 28 de janeiro de 2014
Querida companhia Lego, meu nome é Charlotte, tenho 7 anos de idade e eu amo Lego. Mas eu não gosto que tenha mais Lego menino e quase nenhum Lego menina. Hoje eu fui numa loja e vi Lego em duas seções, a rosa e a azul. Tudo que as garotas faziam era sentar em casa, ir para a cama, e dormir, e elas não tinham empregos, mas o meninos partiam para aventuras, trabalhavam, salvavam pessoas, tinham empregos e até nadavam com tubarões. Eu gostaria que vocês fizessem mais Lego meninas e deixassem elas partirem para aventuras e se divertirem ok?
A carta de Charlotte abriu nossos olhos para a distinção de gênero feita no mundo dos brinquedos. Isso não é uma postura exclusiva do Lego. Antes de estrear Mulher Maravilha este ano, era impossível encontrar bonecas de super heróis do sexo feminino. E não é por falta de interesse das meninas neste conteúdo. Basta lembrar do relato emocionante da professora de jardim de infância sobre como suas alunas reagiram ao filme da Mulher Maravilha.
Infelizmente, ainda vivemos em uma sociedade machista que divide a categoria de brinquedos em “de menina” e “de menino”. Meninas brincam de boneca, casinha, Barbie. Meninos brincam de bonecos de super heróis, bola, Lego. Quantos pais dão aos seus filhos meninos bonecas bebês, daquelas que choram, que tem que trocar fralda? Aliás, quantos tipos dessa boneca você já viu do sexo masculino?
Da mesma forma que seria muito importante para os meninos brincarem de casinha para gerar neles a responsabilidade de se ter um filho e casa para cuidar, é extremamente relevante na nossa sociedade ensinar nossas meninas que elas podem escolher para si o futuro que quiserem. Elas podem ser heroínas de suas próprias histórias, terem filhos (ou não!) e escolherem a profissão de seus sonhos. Elas têm o poder.
A menina que vê uma boneca do Lego em profissões dominadas por homens, como astronauta, engenheira ou matemática, passa a acreditar que é possível almejar esse futuro para si um dia.
Quando nos sentimos representados, passamos a acreditar que aquele destino é possível. E isso nos faz olhar para o futuro com esperança.
Fonte: CNN