Drácula | 5 diferenças entre a série da Netflix e o filme de Coppola

O ano de 2020 mal começou e a Netflix já emplacou seu primeiro grande sucesso. A série Dracula é uma nova releitura do livro escrito pelo irlandês Bram Stoker em 1897, e tem como protagonista o vampiro mais famoso do mundo.

Dos showrunners Mark Getiss e Steven Moffat (Sherlock), Dracula se passa em 1897 e conta a história do advogado Jonathan Harker (John Heffernan), que é incubido de ir à Transilvânia para fazer negócios com um novo cliente. Para seu azar, o cliente em questão é o Conde Drácula (Claes Bang).

Junto com a irmã Agatha (Dolly Wells), Jonathan tenta descobrir o que exatamente se passou no período em que foi hóspede do Conde Drácula.

Se você ainda não assistiu à série, veja aqui nossa crítica SEM spoilers:

 

 

Essa está longe de ser a primeira adaptação da obra de Bram Stoker. A história do Conde Drácula já foi adaptada para o cinema dezenas de vezes e das mais diversas formas. Dentre elas, a mais conhecida foi Drácula de Bram Stoker (1992), do cineasta Francis Ford Coppola.

Mas quais são as diferenças entre o filme de Coppola e a série da Netflix? É o que veremos a seguir!

 

Atenção! Os próximos tópicos desta análise contêm spoilers de Drácula e Drácula de Bram Stoker! Prossiga com cuidado!

 

Diferenças entre Drácula de Bram Stoker e Drácula

 

1. A fidelidade com a obra original:

Drácula da Netflix vestindo sua capa característica

 

O próprio nome da obra já dá a dica. Dracula de Bram Stoker é uma adaptação fiel ao livro de 1897, a começar pelo estilo narrativo.

O romance escrito por Stoker é epistolar, sendo contado por meio de relatos de cartas, passagens em diários, registros de bordo e jornais. Da mesma forma, o filme de 1992 é contado por meio de cartas que Jonathan (Keanu Reeves) e Mina (Winona Ryder) trocam um com o outro.

Já a série da Netflix traz o elemento das cartas apenas como recurso para Jonathan perceber que o Conde Drácula (Claes Bang) pretende matá-lo. Quando o advogado ainda era prisioneiro do vampiro, o Conde pede que ele escreva três cartas. Uma informando que Jonathan havia chegado ao castelo de Drácula, a segunda relatando que ele estava saindo do castelo em uma semana e a última com a informação de que ele havia deixado a residência de Drácula.

Além disso, Drácula possui três episódios e engloba uma história maior que a do filme. O primeiro episódio corresponde à primeira parte da obra de Coppola. O segundo representa um recorte de algo que não foi abordado no filme, apesar de fazer parte dele. Nele, vemos como foi a viagem de navio do Conde Drácula até a Inglaterra – e os rastros de sangue que ele deixou pelo caminho.

Por fim, o último episódio se passa nos dias atuais e mostra o Conde Drácula se esforçando para se mesclar no século XXI.

2. A atmosfera das obras

Gary Oldman interpretando Drácula de Bram Stoker

 

Algo que as obras possuem de muito diferente é o estilo e o gênero em que se enquadram. Drácula de Bram Stoker é uma obra sombria que possui elementos teatrais. O longa de Coppola abusa de tons vermelho e cria uma atmosfera propositalmente lúdica. A ideia é criar a dúvida no espectador se os fatos estão realmente acontecendo, ou se existem apenas no plano na mente daqueles que Drácula manipula.

O Drácula de Coppola, encarnado por Gary Oldman, é perverso, e sua motivação é vingança pela morte de sua amada.

Já o Drácula da Netflix é uma obra assumidamente trash que transforma o “tosco” em uma de suas principais qualidades. Enquanto o vampiro de Coppola era sério, o Conde da Netflix é boa praça, tem carisma e um ótimo senso de humor.

A excelente interpretação de Claes Bang dita o tom irreverente da série. Seu Drácula não assusta, cativa. Sua motivação não é o amor. Ele manipula, mata e se “diverte” com os humanos simplesmente porque ele pode.

Por consequência, apesar do gore, Drácula é uma série divertida que convida o espectador a torcer pelo vilão.

 

3. Background do Drácula

Drácula (Netflix) limpa a boca de sangue

 

Em Drácula de Bram Stoker, o Conde tinha uma motivação clara para suas ações. O personagem de Gary Oldman se transformou na tenebrosa criatura ao amaldiçoar o mundo após perder sua amada Elisabeta.

No longa de 1992, Drácula viaja para Londres ao descobrir que a noiva do advogado Jonathan Harker é a reencarnação de Elisabeta.

Enquanto isso, pouco sabemos sobre o background do Drácula da Netflix. A série não deixa claro como o personagem surgiu, indicando apenas que ele seria o primeiro de sua espécie. Seu principal interesse parece ser conseguir se reproduzir e buscar a vida eterna.

 

4. Lucy em Drácula

Lucy no Drácula da Netflix

 

Nas duas obras há uma personagem relevante para o desfecho da trama. No longa de Coppola, Lucy é a melhor amiga de Mina. Ingênua e destemina, Mina é quem primeiro cai nas garras de Drácula. É o mistério sobre sua condição que movimenta a narrativa.

Já em Drácula, Lucy aparece somente no 3º e último episódio. Possuindo o mesmo espírito livre que a jovem do filme, Lucy (Lydia West – que também atuou na série Years and Years, da HBO) deliberadamente escolhe se tornar amante do Conde. Para sua surpresa, ela descobre tardiamente que o risco que corre ao se relacionar com Drácula será sua perdição.

 

5. Van Helsing

Freira Agatha Van Helsing em Drácula da Netflix

 

Uma das principais mudanças existentes nas obras é o personagem Van Helsing. Em Drácula de Bram Stoker, Abraham Van Helsing (Anthony Hopkins) é um acadêmico especialista no sobrenatural recrutado para ajudar a salvar Lucy. É ele quem lidera a comitiva na caçada ao Drácula.

Na série da Netflix, Van Helsing também exerce o protagonismo na investigação contra o vampiro. Entretanto, a reviravolta é que em Drácula, Van Helsing é uma mulher. Agatha (Dolly Wells) é uma freira especialista em criaturas sobrenaturais. Descrente em sua fé, Agatha busca em seu campo de estudo evidências sobre a existência de Deus.

A mudança no gênero de Van Helsing (assim como a escolha de sua profissão) quebra a expectativa do público ao trazer freiras em um convento lutando sozinhas contra as forças do mal.

Ao trazer um protagonismo feminino, a série segue o exemplo de outras como Watchmen, que coloca mulheres em papéis que normalmente seriam feitos por homens. Em Watchman, Regina King interpreta Angela Abar, uma ex-policial que se transforma em heroína para combater racistas. No caminho inverso, Jean Smart é Laurie Blake, a antiga heroína Espectral. Ela largou a máscara para se tornar uma investigadora da polícia.

Colocar mulheres exercendo papéis historicamente masculinos ajuda a desmitificar o lugar do sexo feminino em filmes de ação/suspense. Se em Drácula de Bram Stoker as mulheres eram indefesas e secundárias, no Drácula da Netflix Agatha Van Helsing divide o holofote com o temido vampiro.

 

Drácula é uma série irreverente e divertida que traz uma repaginada na história sobre o vampiro mais antigo do mundo. Considerando o desfecho do terceiro episódio, é improvável que a série retorne para uma 2ª temporada.

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Boo Mesquita

Geek de carteirinha e cinéfila, ama assistir a filmes e séries, ir a shows, ler livros e jogar, sejam games no ps4 ou boards. Quando não está escrevendo, pode ser vista fazendo pole dance, comendo fora ou brincando com cachorrinhos. Me siga no Instagram!

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