Game of Thrones | Daenerys Targaryen, Jon Snow e o Paradoxo do Poder

Atenção! Este post contém spoilers da jornada de Daenerys Targaryen e da 8ª temporada de Game of Thrones.

 

A Batalha de Winterfell foi bem sucedida em derrotar o Rei da Noite e frear o avanço do Inverno. Com isso, a vida no continente de Westeros não chegou ao seu fim.

Infelizmente, não podemos dizer o mesmo de Game of Thrones. Esta que foi uma das maiores séries já produzidas, capaz de parar o mundo inteiro ao domingos e fazer as pessoas vibrarem como se fosse final de Copa do Mundo, chega cada vez mais próxima de sua conclusão.

E os arcos de seus personagens vão se completando. Arcos de redenção, como os de Sor Jorah Mormont e Theon Greyjoy. Arcos de honra, dever e promessas, como os de Ned Stark e Brienne de Tarth. E outros arcos que ainda precisam se fechar. E na luta pelo Trono de Ferro, o arco da ambição e busca pelo poder continua em aberto.

Após um período de equilíbrio sob o reinado de Robert Baratheon, a disputa pelo poder eclode novamente em Game of Thrones após sua morte. Desencadeou-se então a Guerra dos Cinco Reis, protagonizada por Joffrey Baratheon, os irmãos Stannis e Renly Baratheon, o “Rei do Norte”, Robb Stark, e o “Rei das Ilhas de Ferro”, Balon Greyjoy. Ainda que possuíssem diferentes motivações na luta pelo trono, os cinco pretendentes pereceram, com mortes que variaram entre o horripilante e o macabro.

Muito aconteceu desde então e, dentre os restantes, quatro figuras se destacam na disputa do jogo do tronos: Cersei Lannister, Daenerys Targaryen e Jon Snow e Sansa Stark. Enquanto as duas primeiras possuem explicitamente a ambição pelo Trono de Ferro, para se tornarem Rainhas de Westeros, os dois últimos nem tanto. Sansa preocupa-se com o Norte, e Jon Snow, um passo de cada vez, preocupa-se com seu dever para com mundo dos homens.

As motivações das duas duplas se diferem, relacionando-se com o modo como foram criados.

 

O bom filho a casa torna

 

Cersei foi criada por Tywin Lannister, um dos homens mais poderosos dos sete reinos, dotado de astúcia, inteligência, pensamento estratégico, e, claro, os recursos financeiros para exercer controle sobre Westeros. Tywin sempre priorizou o legado Lannister acima de qualquer coisa, e criou seus descendentes para herdar o seu poder e controle sobre o continente. No entanto, não conseguiu esconder sua frustração diante das decisões tomadas pelos filhos.

Daenerys, por sua vez, foi criada sob a promessa de que um dia retornaria a Westeros para exercer, enquanto Targaryen, seu direito legítimo de governante. Primeiramente como esposa de seu irmão Viserys e, após sua trágica morte em uma das cenas mais emblemáticas da primeira temporada, como a Rainha absoluta. E, mais importante, sob a premissa de que tomaria o que era seu por direito, ainda que com “fogo e sangue”, as palavras de sua casa.

Enquanto isso, no Norte, temos Jon Snow e Sansa Stark, criados sob a obstinação resoluta de Eddard Stark, reconhecido como um dos homens mais honrados de Westeros. Ned, o guardião do Norte, passou importantes valores a seus filhos como “o homem que dita a sentença deve brandir a espada” e “quando a neve cai e os ventos brancos sopram, o lobo solitário morre, mas a matilha sobrevive”. O Senhor de Winterfell nunca fugiu de seu dever, e aceitou a intimação de Robert Baratheon para ser Mão do Rei em Porto Real ainda que soubesse que seu lugar de verdade era no Norte.

 

ned stark

 

Enquanto Sansa foi criada para ser a esposa de um Rei, o que é muito diferente de ser uma Rainha como no caso de Daenerys, Jon Snow foi criado como um bastardo, sempre sabendo não deveria ter nenhuma ambição maior que servir na Patrulha da Noite, com seu Tio Benjen Stark. Sansa sofreu uma grande decepção ao ter vivido na prática o pesadelo que um dia foi seu sonho. Com isso, amadureceu, e trocou de ambições. A nova Senhora de Winterfell retomou os ensinamentos de seu pai e seu dever para com o Norte e sua família. Sua ambição já não é mais uma vida como esposa do Rei dos Sete Reinos.

Como disse Kierkegaard, “a vida só pode ser compreendida olhando-se pra trás, mas só pode ser vivida olhando-se para frente”. Ao longo de 8 temporadas vimos o avanço dos personagens, seus movimentos para frente. Mas com o aproximar do fim da série, quando olhamos para trás, fica claro o papel da criação nos personagens, e os valores que lhes foram passados durante sua infância, no tamanho de suas ambições

Muitas vezes, a dor é perceber que apesar de termos feito tudo o que fizemos, ainda somos os mesmos e vivemos como os nossos pais.

 

Isto faz de Daenerys Targaryen a Rainha Louca?

daenerys rainha louca

 

Aerys II Targaryen, também citado ao longo da série e dos livros como “o Rei Louco”, teve seu reinado começado de forma benevolente. No entanto, ao longo de seu tempo como Rei de Westeros, sucumbiu à loucura, desconfiando de todos a sua volta, inclusive Tywin Lannister, que na época era Mão do rei.

A desconfiança e o medo de perder o poder parecem ter sido a causa da loucura de Aerys II, que cometeu atrocidades como assassinar Brandon Stark e seu pai Rickard Stark, e ordenar que fosse produzida uma reserva imensa de fogovivo, para explodir Porto Real antes que Robert Baratheon tomasse de si a cidade, já que o líder da rebelião avançava cada vez mais rumo a conquista do Trono de Ferro. Após a Batalha do Tridente, onde o filho de Aerys II, Rhaegar, foi morto por Robert, qualquer um que ousasse discordar do Rei era queimado vivo. Conforme as notícias das vitórias de Robert chegaram, o Rei Louco ordenou que sua esposa grávida e seu filho Viserys fossem levados para Pedra de Dragão, fugindo em segurança.

O resto da história já nos é conhecida. Com a chegada das tropas de Robert aos portões de Porto Real e a iminência do surto de Aerys II, Jaime, até então um respeitável membro da Guarda real, vê-se obrigado a assinar o Rei Louco e abrir os portões para que as tropas de Robert tomem a cidade.

 

Aerys II Targaryen

 

Os paralelos entre Daenerys e Aerys ficam cada vez mais latentes, à medida que a trama avança. No entanto, é importante lembrar que a Mãe dos Dragões também passou por grandes perdas em sua história. Estrangeira em uma terra desconhecida, perdeu seu irmão, seu marido e seu filho. Apesar de ter recebido a dádiva de três dragões, foi amaldiçoada com a impossibilidade de engravidar novamente. Toda sua expectativa voltou-se para a conquista de Westeros e a vingança frente aqueles que usurparam o Trono de sua família. Khaleesi era a mãe de três dragões, e não teria medo de usá-los.

No entanto, antes mesmo da oitava temporada, Daenerys perdeu seu dragão Viserion para o Rei da Noite. E, após a maior batalha de sua era (e onde foi decisiva para a vitória), teve que aturar Tormund e os soldados de Winterfell exaltando os feitos de Jon Snow. Nas palavras de Tormund, apenas um “louco ou um Rei” poderiam montar um dragão. Na opinião do Terror dos Gigantes, fica bem claro quem é quem.

 

tormund e jon snow depois da batalha de winterfell

 

Com isso, o medo e a insegurança de Daenerys crescem, confrontando-se com uma fúria insustentável após as perdas de Rhaegal e Missandei. Poderíamos chamá-la de louca por querer vingança contra Cersei? Ainda que possa ser injusto colocar Daenerys Targaryen no hall do loucos da série, ao lado de Ramsay Bolton e Joffrey Baratheon, a resposta dependerá de suas próximas ações.

Se a Targaryen optar por colocar a retaliação e a sede pelo Trono acima do povo de Porto Real e queimar cidade, ao invés de protegê-la, talvez seja mesmo o triunfo da “loucura” sobre a razão.

Sobre o tema, fizemos também um vídeo, que você pode assistir abaixo:

 

 

O Paradoxo do Poder em Game of Thrones

cersei lannister power is power

 

Os conceitos de herói e vilão podem ficar um pouco nebulosos nas Crônicas de Gelo e Fogo. Na saga de George R. R. Martin, os heróis são forçados a caminhos tortuosos, onde suas motivações e valores são postos todo o tempo à prova. Ninguém está seguro, e na busca pelo poder ao longo da trama, podemos detectar um notável paradoxo: o tamanho da sede pelo poder parece ser inversamente proporcional ao quanto alguém faria bom uso dele.

Não é difícil identificar esse paradoxo também no mundo real, já que as pessoas que parecem atraídas à política muitas vezes carecem de bom senso e princípios. E de outro lado, pessoas com bom senso, justas e com ótimas ideias, raramente se interessam pela política, preferindo aplicar suas habilidades e talentos em outras carreiras. Pelo contrário, estas pessoas deliberadamente afastam-se da política, exatamente por todo jogo de poder e corrupção envolvidos.

Em Game of Thrones, as motivações para o poder nem sempre estão na superfície.

Cersei, a leoa, fala para Oberyn: “de que serve o poder se não conseguimos proteger aqueles que amamos?”, nos dando a entender que tudo que faz, faz por amor seus filhos. No entanto, sob a superfície vemos uma mulher ambiciosa por poder em um mundo de homens, usando as armas necessárias como a sedução e a capacidade de gerar filhos, para se manter no Trono. E, indo mais fundo, uma filha mulher de um nobre machista, sempre desprezada frente a seu irmão Jaime por ser mulher, ainda que tenham vindo ao mundo ao mesmo tempo e compartilhem de uma cadeia genética quase idêntica. É alguém com a uma autoestima castigada ao longo de muitos anos, e a necessidade de provar seu valor a todo tempo.

 

Cersei e Tywin com a mesma roupa

 

Stannis Baratheon, puro aço, afirma buscar o poder para aplicar a real justiça. No entanto, sob a superfície, temos um irmão do meio, buscando sua própria fatia de atenção e relevância no mundo, espremido entre dois irmãos extremamente carismáticos: Robert, cuja influência foi capaz de unir os reinos em uma revolta contra o Rei, e Renly, com seu magnetismo natural. Mais uma vez temos em Stannis um personagem com a autoestima ferida desde a infância, buscando seu espaço e usando o Trono como um atestado de que tem valor.

São dois personagens cuja sede pelo poder provavelmente não é proporcional ao bom uso que fariam dele. E a série vem também trabalhando as implicações deste Paradoxo do Poder antes mesmo que Daenerys e Jon Snow, o casal de Gelo e Fogo, se tornasse de fato um casal.

A narrativa de Daenerys parte da ambição pelo Trono, principalmente após a morte de Viserys. No entanto, sua trajetória é cheia de curvas e voltas, e os conselheiros com quem se depara a influenciam a diminuir esse apetite e desenvolver primeiros os valores e a experiência de um governante justo no continente de Essos. Basicamente uma personagem que muitas vezes precisa ser “freada”. De outro lado, Jon Snow ao longo de sua trajetória demonstra possuir valores como justiça, honra e empatia, mas nunca aspirou ao poder, o que é muito fruto de sua criação. É um personagem que precisa ser “empurrado”.

Desta forma, Snow é nomeado pelos que estão a sua volta como Lorde Comandante da Patrulha da Noite, como Rei do Norte e, na oitava temporada, muitos já o querem como o verdadeiro herdeiro do Trono de Westeros.

 

jon snow quando lhe são oferecidos novos títulos

 

Jon Snow, o bastardo que poderia ter a maior necessidade de se provar, parece ser o mais bem resolvido nesse sentido. Aqui o papel da criação entra em cena novamente. É difícil fugir do que você foi criado para ser. No quarto episódio da primeira temporada, Aleijados, Bastardos e Coisas Quebradas, vemos com maior profundidade as dinâmicas de Bran Stark, Jon Snow e Tyrion Lannister, personagens tão perto do “poder”, mas que por características peculiares, nunca chegarão a ele. Estes são os personagens que buscam caminhos alternativos na série, pois nunca acreditaram ter uma chance.

Como diria Tyrion, “nunca se esqueça de quem você é, porque é certo que o mundo não se lembrará. Faça disso sua força. Assim, não poderá ser nunca a sua fraqueza. Arme-se com esta lembrança, e ela nunca poderá ser usada para lhe magoar”.

Neste mesmo episódio, Tyrion constrói uma sela especial para que Bran volte a cavalgar, e diz “eu tenho um ponto sensível no meu coração por aleijados e bastardos e coisas quebradas. Como George R. R. Martin já revelou em entrevistas que Tyrion é o seu personagem favorito (ainda que ame todos os outros), pode ser que sua predileção por Jon Snow se comprove ao final das Crônicas de Gelo e Fogo.

 

tyrion primeira temporada

 

No entanto, não é muito provável que Jon ascenda ao Trono de Ferro, apesar de seus feitos e sua capacidade de conquistar a confiança dos que lutam ao seu lado. Temos poucos episódios para que o já-não-tão-bastardo desenvolva suas habilidades. Afinal, na série Snow ainda é um líder muitas vezes inseguro, apesar de resoluto, com táticas de batalha duvidosas, e capacidades limitadas de articulação política.

Basta saber qual será o movimento mais forte: o autocontrole de Daenerys no momento crucial onde a razão precisará sobrepujar a emoção, ou o amadurecimento de Jon “Aegon Targaryen” Snow, já que apenas um nome não é suficiente para atribuir as qualidades da realeza.

A trajetória dos dois é tortuosa e arriscada. Se não conseguirem forças para dar o passo final de evolução e sucumbirem, talvez não reste outra solução que não quebrar Westeros em sete reinos novamente.

Neste caso, que recomece o ciclo das estações e que o próximo inverno forje heróis mais aptos.

 

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Marcos Malagris

Publicitário, professor de marketing digital e Psicólogo, gasta seu escasso tempo livre navegando na Interwebz, consumindo nerdices e contemplando a efemeridade da existência. Me siga no Twitter ou no Facebook!

2 thoughts on “Game of Thrones | Daenerys Targaryen, Jon Snow e o Paradoxo do Poder

  • 10 Maio, 2019 at 14:35
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    Excelente análise!

    triste como a série se perdeu

    Reply
  • 22 Fevereiro, 2020 at 20:31
    Permalink

    Cersei é implacável, voluntariosa, fria, ambiciosa e astuta, no sentido de que está totalmente disposta a trair quem confia nela, ou fazer qualquer coisa para protegê-la. No entanto, ela também é arrogante e egocêntrica em relação a uma falha, que provou ser uma de suas maiores fraquezas. Embora ela certamente se considere uma estrategista-mestre, ela é extremamente impaciente, míope e propensa a demonstrações de mau julgamento e liderança fraca, resultando em sua incapacidade de manipular inimigos que abertamente desconfiam dela e incapaz de pensar sobre o assunto. consequências a longo prazo de suas ações. O próprio pai de Cersei, Tywin, declarou que ele desconfia dela porque ela não é tão inteligente quanto acredita. Isso cria uma combinação perigosa, pois Cersei não só não é tão inteligente quanto pensa, mas nem sequer percebe suas próprias limitações.

    Ela não é completamente desprovida de tato. Apesar de sua flagrante tentativa de enganá-la e receber a recompensa de seu irmão, Cersei opta por não punir um par de caçadores de recompensas para evitar desencorajar os outros caçadores de encontrar Tyrion e reconhece que serão cometidos erros.

    Os esquemas de Cersei podem funcionar inicialmente, mas eles tendem a sair pela culatra. Ela teve parcialmente sucesso em seu plano de confessar falsamente Ned Stark à traição antes de exilá-lo no Muro para manter o Norte e as Terras do Rio alinhados. No entanto, ela não conseguiu prever que Joffrey seria tão tolo a ponto de iniciar uma guerra ao executar Ned. Seu plano de minar a conspiração dos Tyrells de casar Loras com Sansa sai pela culatra quando Tywin insiste que Cersei se casará com Loras, e obriga os Tyrells a consentir, ameaçando que Loras seja nomeado para a Guarda Real se não o fizerem. Após a morte de Tywin, ela acha que pode cooptar os pardais para minar os Tyrells, que sucederam por Loras e Margaery serem presos pelo Militante da Fé, mas esse plano acabou saindo pela culatra também quando ela também foi presa e forçou a prisão. faça uma caminhada de expiação . Nesse caso em particular, a combinação do ego de Cersei, bem como sua crença de que os pardais eram leais a ela sozinha, não permitiram que ela compreendesse que as mesmas táticas que ela usou contra os Tyrell também poderiam ser usadas contra ela. O plano de Cersei de destruir o Faith Militant e os Tyrell sai pela culatra também com o suicídio de Tommen, seu último filho vivo. Finalmente, o plano de Cersei de trair os Targaryens e o Norte depois do conflito de King’s Landing já saiu pela culatra com Jaime a abandonando. Por fim, ele saiu pela culatra da pior maneira possível, pois durante a Batalha de Porto Real, ela perdeu completamente e totalmente, todas as suas conspirações não deram em nada.

    Um erro que as pessoas de fora cometem ao lidar com Cersei é assumir que ela tem a maturidade emocional e a sabedoria de uma rainha, ou pelo menos de um adulto, quando sua personalidade real está mais próxima de uma criança petulante que habita o corpo de um adulto (na verdade, Lena Headey afirmou que ela interpreta Cersei como tendo uma mente rebelde de 15 anos que nunca teve filhos reais. Com sua mãe morta em tenra idade e seu pai na corte (e um disciplinador frio de qualquer maneira), Cersei foi funcionalmente criada por servos. Em público, Cersei frequentemente tenta exalar uma sensação de controle calmo e real sobre o ambiente. Quando as coisas não saem do seu jeito, no entanto, a resposta usual de Cersei é tornar-se infantilmente irreverente, mesmo quando o Pequeno Conselho reunido está tentando dar-lhe conselhos que realmente serviriam a seus próprios interesses.

    Ela também tem a tendência de culpar irracionalmente outras pessoas por problemas que ela realmente começou, embora seu ego não a deixe admitir o contrário. Quando Jaime a lembra que o mundo não deve saber que Myrcella realmente é filha deles, ela hipocritamente o culpa por sua cautela, dizendo que isso levou Joffrey a ser assassinado e Myrcella a ser enviada a Dorne em primeiro lugar, mesmo sendo ela quem Joffrey instalou no trono em vez de fugir quando Ned Stark a alertou sobre suas intenções para poupar a vida de seus filhos. Embora mais tarde reconheça que Tyrion de fato não matou Joffrey, ela o culpa pela morte de seus outros dois filhos, enviando Myrcella para Dorne e matando Tywin, um ato que ela diz que tornou os Lannister vulneráveis ​​a seus inimigos. Mais uma vez, Cersei esquece que as ações de Tyrion foram provocadas por ela própria, a saber, seu fracasso em impedir Joffrey de executar Ned e iniciar uma guerra, e depois acusar irracionalmente Tyrion pelo assassinato de Joffrey.

    O comportamento de Cersei é muito mercurial, capaz de alternar entre a afeição aparentemente verdadeira por alguém com ódio extremo por insignificâncias. Ela é muito mesquinha mesmo com pequenas negligências, reais e imaginárias, que acabaram sendo sua ruína, pois tentou usar o Militant Faith para minar a Casa Tyrell devido a sua aversão a Margaery e ao fato de ela a substituir como rainha, apenas para perca a Casa Tyrell como aliada e encontre um inimigo poderoso no Militante da Fé . Como Tyrion observou, Cersei costuma usar seus sentimentos honestos para manipular desonestamente outras pessoas. Por exemplo, seu medo pela segurança de seus filhos é realmente genuíno, mas ela descaradamente usará isso para brincar com a simpatia de outras pessoas, para influenciá-las a apoiá-la.

    Cersei despreza as restrições impostas a ela porque é mulher e tem inveja das liberdades que os homens têm em sua sociedade. Várias das Casas nobres dos Sete Reinos têm atitudes mais liberais quando se trata de envolver mulheres na família na política. As mulheres da Casa Tyrell , por exemplo, devem estar envolvidas na política e, assim, foram treinadas desde tenra idade nas habilidades de governar. Infelizmente, o pai de Cersei, Tywin, é um conservador leal e nunca imaginou que Cersei desempenhasse um papel ativo na política. Em vez disso, seu dever era cimentar uma aliança matrimonial e criar filhos reais, nada mais. Também é possível que, em vez de seu gênero seja o objeto, Tywin acredite que ela é simplesmente muito impaciente e precipitada. De qualquer maneira, o resultado prático é que, certo ou errado, Tywin não criou Cersei para ser hábil em governar ou em intrigas políticas. Embora confrontada com essas deficiências, Cersei frequentemente culpa seu pai ou a sociedade em geral por não dar a ela os anos de treinamento necessário para governar, mas reclamar disso não muda o fato de ela simplesmente não possuir essas habilidades. Embora Cersei odeie ser mulher na sociedade Westerosi, ela não mostra simpatia por outras mulheres em circunstâncias semelhantes, desprezando-as pelo que considera sua fraqueza: Cersei não está tão zangada com os homens por maltratar as mulheres, como com raiva por não estar ‘ um homem. Quando ela estava bêbada durante a Batalha de Blackwater, ela disse abertamente que desejava ter nascido homem.

    A falta de relacionamento com os pais de Cersei reflete-se no quanto ela serviu como mãe de seus próprios filhos, para quem ela é incapaz de agir como instrutora de moral estável. Enquanto ela certamente gosta deles, ela realmente não os “ama” tanto quanto os trata como extensões de si mesma. Ela está convencida de que está obcecada com o bem-estar deles, mas quando os eventos ameaçam afastá-los dela, ela não fica tão preocupada com a felicidade e o bem-estar deles, mas com raiva que algo que sente pertencer a ela esteja sendo tirado.

    Tyrion observou uma vez que o amor de Cersei por seus filhos é uma qualidade redentora óbvia – mas ela conseguiu transformar isso em algo negativo. Cersei realmente não “ama” seus filhos, mas ela é obcecada por suas construções mentais deles. Ela passou a infância inteira de Joffrey convencida de que ele cresceria para ser o melhor rei de todos os tempos, sábio e corajoso – a tal ponto que ela se cegou ao seu comportamento obviamente psicopático. No entanto, apesar de seu óbvio favoritismo e longe da concepção realista de seu filho, ela pelo menos reconheceu que Joffrey era realmente um monstro após a morte dele, o que implicava que ela não estava tão iludida quanto parecia. O excesso de indulgência dela com Joffrey também o mimava podre, enchendo-o de um sentimento insaciável de direito – nem ele particularmente lhe dava muito respeito em troca. Enquanto isso, Cersei parece alheia ao fato de ter ignorado seus dois filhos mais novos, Myrcella e Tommen . Enquanto Cersei está constantemente chateada com o fato de seu próprio pai, Tywin, ser o favorito de seus filhos e concentrar toda sua atenção em seu irmão Jaime, ela hipocritamente visitou o mesmo tratamento em seus próprios filhos. Ela se apegou tanto a Joffrey que mal conhecia Myrcella e Tommen, raramente conversando com eles, exceto quando precisava manipulá-los. Depois que Myrcella foi enviada para Dorne em uma aliança de casamento, Cersei assumiu que ela estava sofrendo com sua família, sem suspeitar que Myrcella realmente encontraria felicidade quando estivesse livre do controle de Cersei e nem sequer quisesse voltar para ela. Depois de passar alguns anos em Dorne longe dela, Myrcella disse abertamente que Cersei nem a conhece. Finalmente, após a destruição do Grande Septo de Baelor, Cersei conta para Unella capturada, ela foi motivada por proteger seu último filho vivo, Tommen. No entanto, Cersei prova mais uma vez que ela é uma mãe pobre, não indo imediatamente para Tommen depois que sua esposa é morta na explosão e impedindo seu suicídio, pois ela estava preocupada demais em pagar Unella por prendê-la e humilhá-la.
    Depois de ser humilhada pelo militante da fé, a megalomania, a imoralidade e a vingança que Cersei possuía durante toda a sua vida atingiram seu auge. Combinada com a raiva que sentia por seu tio Kevan e o fato de Olenna Tyrell e Pycelle a privarem de poder, Cersei começou a conspirar com Qyburn para evitar seu julgamento, destruir simultaneamente seus inimigos, incluindo High Sparrow e Queen Margaery e se vingar de o militante da fé. Isso acabou destruindo a aliança com os Tyrells, o único aliado efetivo de Porto Real e uma revolta sangrenta que se espera de uma vingativa Olena.
    Um presunçoso e calculista Cersei observa enquanto o septo explode com pessoas inocentes.

    Cersei, no entanto, não parece preocupada com isso, demonstrando muito mais imprudência e ligeiro desequilíbrio mental de sua parte. Apesar de se declarar rainha dos sete reinos, o título é efetivamente sem sentido, pois atualmente as únicas casas principais que a sustentam são as suas e os Freys, embora com a morte de Walder Frey e a aparente incompetência militar dos Frey, é improvável que ser aliados úteis. Juntamente com os Lannisters agora confrontados com o restante das grandes casas de Westeros, há também o problema da dívida da Coroa com o Banco de Ferro, que ainda não foi resolvida. Então, embora Cersei possa ter alcançado sua ambição final de ser coroada rainha dos sete reinos, ela ainda está em uma situação incrivelmente precária. No entanto, isso parece perdido para ela, demonstrando ainda mais sua incapacidade de ver as consequências de longo alcance de suas ações.

    Antes, Cersei era conhecido por ter um senso de moralidade extremamente velado, que pode ser atribuído ao seu amor por seus próprios filhos, não importa o quão distorcido ele seja. Agora que Tommen, Joffrey e Myrcella estão todos mortos, no entanto, Cersei começou a mostrar mais crueldade e depravação em suas convicções. Seu uso do fogo selvagem para destruir o Grande Septo de Baelor pode ser considerado um ambiente simbólico para sua própria descida ao mesmo nível de tirania que o Rei Louco . Este ato também destruiu a área em torno do Grande Sept por 800 metros, efetivamente assassinando centenas de pessoas inocentes. Ironicamente, isso pode servir para criar uma barreira entre ela e Jaime; Jaime disse abertamente que a única coisa com a qual ele se importa é Cersei e que ele estava disposto a matar até crianças se os reunisse, mas Cersei cometeu um ato semelhante ao por que ele tinha que matar o Rei Louco. O olhar sombrio de Jaime ao retornar a Porto Real e testemunhar sua coroação significa que ele entende que ela está se tornando exatamente como ele.

    Em relação aos seus próprios crimes, Cersei parece ter se tornado descaradamente sádico. Ela admite externamente que todas as suas ações, desde que Robert matou até um relacionamento incestuoso com Jaime, foram apenas porque ela gostava de fazê-lo. Isso, ela “confessa” a Unella indefesa enquanto brinca com ela, até cantando “vergonha” (no mesmo sentido que Unella fez durante sua caminhada de expiação) antes de deixá-la ser torturada por Gregor Clegane . Ela também usou suas próprias emoções maternas para fins sádicos ao enfrentar Ellaria Sand, chegando a matar Tyene, filha de Ellaria, com o mesmo método exato usado para matar Myrcella. Na mesma cena, ela lembrou vividamente a morte do príncipe Oberyn para Ellaria e apontou que Oberyn morreu em vão, pois Gregor Clegane ainda estava vivo e mais forte do que nunca.

    Tudo isso aponta para outro erro que as pessoas de fora cometem com frequência, Ned Stark, por exemplo, ao lidar com Cersei, como Olenna Tyrell observou antes de sua morte: falha em imaginar até que ponto Cersei está disposta a ir para manter seu poder.
    Cersei foi citada por Tyrion como uma das pessoas mais perigosas de Westeros, por causa de sua absoluta crueldade diante daqueles que ela considera seus inimigos. Cersei mantém uma grande quantidade de hipocrisia, culpando Tyrion pela desestabilização de sua família e cega ao fato de que ela foi uma influência quase central nas mortes de Tommen e Myrcella, e não mostra nenhuma simpatia quando Tyrion se desculpa, mas cita a própria crueldade de Tywin. em relação a ele – a hipocrisia aqui é que a própria Cersei se queixou dos maus-tratos de Tywin e ameaçou “queimar sua casa até o chão” se ela fosse separada de seus filhos (o último sendo irremediavelmente irônico porque Cersei acusa Tyrion de dizimando a posição da Casa Lannister, onde ela pelo menos a contemplou). Além disso, Cersei foi uma influência suprema na prisão de Ned Stark (desde que ela instalou Joffrey no Trono de Ferro, em vez de deixar King’s Landing quando Ned a alertou sobre suas intenções para poupar a vida de seus filhos), a prisão de Tyrion (desde que começou com Bran Stark a encontrando fazendo sexo com Jaime), e dando reinado livre para Joffrey fazer o que ele queria e incapaz de controlá-lo (o que levou à morte de Eddard Stark), fazendo dela uma influência quase indiscutível na Guerra da Cinco reis, o que levou à dizimação de sua família.

    Cersei também se tornou cada vez mais arrogante e insensível com sua ascensão à rainha, desrespeitando Jaime como o Lannister mais estúpido, tendo visto sua lógica e som manutenção de sua promessa como uma traição. Percebendo essa traição, Cersei finge uma ameaça com Sor Gregor, mas Jaime conhecendo sua irmã tão bem quanto ele, a chama. Mas os sentimentos de mágoa ainda são os mesmos. Cersei expressa sua necessidade de proteger seu novo filho, permitindo que os inimigos se eliminem. Por todas as suposições lógicas, parece que ela está imitando o que Tywin Lannister havia feito durante o final da Rebelião de Robert, onde ele acampou e esperou até o final do jogo para ver o que ele poderia fazer com o que restava. O personagem de Cersei Lannister sempre foi o que sempre foi: ser mãe e garantir a sobrevivência de quem ela ama; esses são seus filhos e seu amante, Jaime Lannister. Seu comportamento reforça a crença de que ela afirmou desde o início, que quando você joga o jogo dos tronos, você vence ou morre, e não há meio termo.

    Durante a Batalha de Porto Real , a verdadeira natureza de Cersei surge; uma mulher fraca, medrosa, ilusória e chorosa que não tem controle de suas ações e com a morte tão perto, fica mais assustada e triste ao se afogar nas próprias lágrimas no fim.

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