1917 | Como o longa de Sam Mendes foi filmado?

1917 não ganhou o Oscar de Melhor Filme, mas deixou uma marca na história do cinema. O longa inovou em muitas técnicas de fotografia, e certamente vai servir de escola para uma nova geração de cinegrafistas.

Dirigido por Sam Mendes, a trama de 1917 é muito simples. Durante a 1ª Guerra Mundial, os soldados Schofield (George MacKay) e Blake (Dean-Charles Chapman) devem lutar contra o tempo e atravessar as linhas inimigas para entregar uma mensagem que vai impedir que milhares de homens caiam em uma armadilha.

Mas não é por sua história que o filme causou rebuliço. A grande conquista de 1917 foi ter sido filmado em “tempo real”, de forma a simular um longo plano sequência. Há “cortes” no filme, mas eles são invisíveis.

Desde o início, Mendes pensou em construir a narrativa de 1917 como um único plano sequência. Para o diretor, a experiência do público seria mais imersiva se a câmera nunca deixasse a perspectiva dos dois soldados. O objetivo do diretor era fazer com que a plateia tivesse uma real noção dos perrengues e perigos que os soldados enfrentam a cada segundo durante uma guerra de verdade.

Além disso, o feitio iria diferenciar 1917 de todos os demais filmes de guerra existentes por aí.

Mas 1917 não foi o 1º longa a tentar passar a ideia de um filme sem “cortes”. Festim Diabólico (1948), de Alfred Hitchcock, ostenta o título de pioneiro dessa empreitada. Recentemente, Birdman (2015) também foi executado como um grande plano sequência, tendo sido reconhecido com o Oscar de Melhor Filme daquele ano.

Mas o que diferencia 1917 destas outras obras? Afinal, como 1917 foi filmado?

Atenção! Os próximos tópicos desta análise contêm spoilers de 1917. Prossiga com cuidado!

Por trás das câmeras em 1917

Para ser bem sucedido na empreitada de um filme com cortes invisíveis, Sam Mendes sabia que precisava para o projeto do melhor diretor de fotografia vivo. Para isso, confiou no vencedor do Oscar, Roger Deakins.

Em 1917, já que a a câmera acompanhava os soldados em sua missão, nenhuma localidade externa foi utilizada mais de uma vez. Blake e Schofield passam o filme inteiro andando para frente até alcançarem o seu objetivo, e a câmera acompanha esse movimento.

Para que os cinegrafistas conseguissem captar mais de uma perspectiva (já que o filme é gravado com apenas uma câmera), a solução foi dar liberdade para que a câmera se movimentasse 360 graus. Ora tínhamos a perspectiva de um jogador de vídeo game em terceira pessoa, ora acompanhávamos os rostos dos personagens.

Por ser um filme com a maioria das cenas gravadas em ambientes externos, Deakins se deparou com desafios ainda maiores. Como iluminar takes externos? E se chove, a gravação é interrompida?

Uma grande dificuldade de Deakins era dar continuidade às cenas, para que o público acreditasse estar assistindo um plano sequência do início ao fim. Por exemplo, se em determinada cena o dia está nublado e no segundo imediatamente posterior faz sol, como fazer o público acreditar que não houve cortes?

Ao contrário do que se imagina, para Deakins os piores dias eram os ensolarados. Isso porque quanto mais sol, maior é a projeção das sombras nos sets. O cuidado na cena era maior, pois o cinegrafista teria que encontrar meios de contornar as sombras das câmeras e da produção de modo que elas não aparecessem nas cenas.

Outra adversidade encontrada pela equipe foi o peso das câmeras e de todo o aparato de filmagem. Era uma necessidade que a câmera utilizada fosse leve, já que há cenas em 1917 que foram feitas com os cinegrafistas correndo atrás dos personagens.

Para a tarefa, a marca Alexa Mini LF desenvolveu uma câmera leve e muito eficiente. O protótipo dessa câmera foi adiantado e entregue a Deakins para que ele pudesse filmar 1917. Então, a câmera utilizada pelo longa sequer tinha chegado ao mercado.

Roger Deakins enfrentou diversos outros desafios para entregar um filme de guerra executado quase que inteiramente em ambientes externos. Quer saber como todas as cenas foram filmadas?

Assista ao nosso vídeo sobre o assunto!

Não foi à toa que Roger Deakins foi reconhecido pela Academia e ganhou o Oscar de Melhor Fotografia por 1917. Sua contribuição para as técnicas de filmagens de planos sequência certamente elevaram o nível das próximas produções.

Você gostou de 1917? Qual foi a cena que mais te surpreendeu? Deixe nos comentários!

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