Narcos: México | Conheça a história real por trás dos personagens

Narcos continua sendo muito informativa. Após aprendermos sobre o império de Pablo Escobar e o cartel de Cali em suas três temporadas, a série ganhou uma espécie de prequel. Intitulada Narcos: México, a “nova” série saiu da Colômbia e trouxe a guerra às drogas ao México, acompanhando a ascensão do cartel de Guadalajara.

Dos criadores Carlo Bernard, Chris Brancato e Doug Miro (os mesmos de Narcos), Narcos: México conta a história de Miguel Ángel Félix Gallardo (Diego Luna), conhecido como “O Padrinho”, ou “chefe dos chefes”, por ter sido o responsável por unir as maiores famílias traficantes de drogas do México em uma única organização voltada inicialmente para o tráfico de maconha e, após, cocaína, acompanhando o surgimento do cartel de Guadalajara.

Uma força-tarefa entre México e EUA foi criada para dar fim ao cartel, tendo sido liderada pelo agente da DEA (setor da polícia investigativa norte-americana de combate às drogas) Kiki Camarena (Michael Peña).

Assim como a série original, Narcos: México apresenta o surgimento do cartel, enquanto foca nas investigações da polícia, usando reportagens jornalísticas da época para retratar os reais acontecimentos que inspiraram sua trama.

Quem são os personagens reais de Narcos: México?

Apesar de todos os acontecimentos apresentados em Narcos: México, alguns fatos foram modificados para melhor servir à narrativa. Então, qual é a história verdadeira por trás dos personagens apresentados na série?

Abaixo, falamos sobre os figurões protagonistas dos episódios reais que inspiraram o seriado.

Atenção! Os próximos tópicos podem conter spoilers da segunda temporada de Narcos: México!

Miguel Ángel Félix Gallardo

Diego Luna interpreta Félix Gallardo, conhecido como “O Padrinho”, um notório traficante de drogas mexicano dos anos 80. Inicialmente traficante de maconha, expandiu seus negócios para outras drogas, sendo posteriormente referenciado como o Bill Gates da cocaína.

Antes de ser tornar o Padrinho, Félix foi policial em Sinaloa e, após, guarda-costas do governador do estado Leopoldo Sánchez Celis até 1968.

Félix foi o responsável pela criação do cartel de Guadalajara nos anos 80, unificando todos os demais cartéis em uma única e coesa organização. Ele era influente, e seu longo reinado pode ser atribuído às suas conexões com órgãos do governo, desde segmentos da polícia, incluindo a Dirección Federal de Seguridad (DFS), e até mesmo políticos. Félix também fez uma enorme fortuna ao associar-se a traficantes de outros países, como Pablo Escobar e o cartel de Cali, na Colômbia, e Ramón Matta Ballesteros, de Honduras.

A introdução de Félix ao tráfico de cocaína se deu na série graças aos contatos de Isabella Bautista (Teresa Ruiz). Apesar de Isabella ser uma personagem fictícia, de acordo com a atriz que a interpreta (e que cresceu no México), ela foi inspirada em Sandra Ávila Beltrán. Conhecida como “A Rainha do Pacífico”, Beltrán foi responsável por introduzir Félix aos líderes dos cartéis no México e na Colômbia.

Felix foi preso em 1987 e condenado em 1989, em uma operação conhecida como Leyenda. Ele, Rafa Quintero e Don Neto foram condenados pelo sequestro e assassinato de Kiki Camarena e o piloto Alfredo Avelar. Após a prisão de todos, o caminho estava livre para a solidificação do cartel de Sinaloa, liderado por Joaquín Guzmán Loera, conhecido como “El Chapo”, e Héctor “El Guero” Palma.

Felix está preso desde 1989, ao ser capturado na Operação Leyenda, tendo sido posteriormente transferido para uma prisão de segurança máxima em Almoloya de Juárez, no México.

Kiki Camarena

Michael Peña interpreta Enrique “Kiki” Camarena, um ex-combatente da Marinha e agente da DEA desde 1974. Transferido dos EUA para o México, Kiki passou quatro anos investigando o cartel multibilionário de Félix. O trabalho de Kiki foi essencial para a descoberta de um dos maiores campos de plantação de maconha da época.

Entretanto, em 7 de fevereiro de 1985, antes de desmascarar o cartel, Kiki foi sequestrado e morto por ordens de Felix em seu rancho após ter sido torturado por cerca de 30 horas. O agente estava a caminho de encontrar sua esposa Mika para o almoço.

Seu crânio, rosto, mandíbula e nariz foram destroçados, suas costelas quebradas, e foi feito um buraco em sua cabeça com uma furadeira. Para que permanecesse consciente durante a tortura, foi injetado em seu organismo anfetaminas e outras drogas durante todo o período do cárcere. O corpo de Kiki foi recuperado quase um mês depois, em março de 1985. Seu rosto foi a capa da revista Times em 1988.

Após a morte de Kiki, o governo norte-americano não pôde mais ignorar a corrupção da polícia mexicana ou fazer vista grossa ao narcotráfico, já que a opinião pública agora exigia do governo providências com relação à tortura e morte do agente da DEA.

Mika Camarena

Em Narcos: México, após a morte de seu marido, Mika (Alyssa Diaz) move os agentes norte-americanos para continuar as investigações com relação aos homens que torturaram e mataram Kiki, certificando-se de que a justiça seria feita.

Em uma tentativa de dar continuidade ao legado de Kiki, a verdadeira Mika criou a Red Ribbon Week, uma campanha de conscientização e prevenção das drogas. Ela também preside a Fundação Enrique S. Camarena, criada em 2004 com a ajuda de seu filho mais velho Enrique e agentes da DEA aposentados. A fundação é responsável por promover a conscientização sobre o abuso de drogas em escolas e comunidades ao redor dos EUA.

Rafael Caro Quintero

Em Narcos: México, Rafa (Tenoch Huerta) é o responsável pelo plantio de sinsemillas (espécie de maconha sem sementes) que deu início à associação dos traficantes e, posteriormente, ao cartel de Guadalajara. Foi um de seus fundadores, junto de Félix.

A gigantesca plantação de Rafa tinha milhares de hectares e utilizava de modernas técnicas de agricultura para irrigar os solos desérticos em que se situava. Nela, milhares de trabalhadores laboravam todos os dias.

Em Narcos: México, Rafa é apaixonado por Sofia Conesa (Tessa Ia), tendo forjado seu sequestro na casa dos pais da moça para que ficassem juntos. Na vida real, o nome de seu interesse amoroso era Sara Cosio. No mais, seus pais de fato informaram à polícia que Sara havia sido sequestrada em uma boate e devolvida no dia de Natal. No entanto, o envolvimento da jovem no crime é incerto, bem como seu amor por Rafa, apesar de algumas reportagens informarem que no momento da prisão de Rafa, Sara declarou seu amor ao traficante.

Rafa foi acusado junto com Don Neto e Félix pelo sequestro e homicídio de Kiki Camarena, tendo permanecido na cadeia por 28 anos. Apesar de em Narcos: México parecer que o sequestro e tortura de Kiki foram ordenados por Rafa, há indícios de que na vida real o agente tenha sido sequestrado por determinação de Félix, o que mudaria substancialmente as motivações e crenças do personagem interpretado por Diego Luna.

Rafa foi solto em 2013 por ordens da corte mexicana, que ao revisar o processo concluiu que ele deveria ter sido julgado pela justiça estadual, e não federal.

Em janeiro de 2015, a corte ordenou novamente sua prisão, mas a esta altura ele já estava foragido. Atualmente, Rafa está entre os 10 fugitivos mais procurados do FBI, e os EUA mantém uma recompensa milionária para quem tenha informações de seu paradeiro. Entretanto, por mais bizarro que isso possa parecer, estar foragido não impediu que o traficante concedesse entrevista à revista Proceso, na qual nega as acusações de ter sequestrado e matado Kiki.

Don Neto

Ernesto Fonseca Carrillo, mais conhecido como Don Neto, foi interpretado em Narcos: México por Joaquín Cosío. Don Neto comandava o cartel de Guadalajara ao lado de Félix.

Em 1985, o traficante foi preso pelo sequestro e assassinato de Kiki Camarena enquanto estava na casa do governador de Jalisco. Don Neto confessou o crime e cumpriu sua pena até 2016, quando foi deferido o cumprimento do restante de sua sentença em prisão domiciliar, tendo em vista sua avançada idade de frágil saúde. Em 2017, foi posto em liberdade.

Amado Carrillo Fuentes

Amado (José María Yazpik) era sobrinho de Don Neto e líder do cartel de Juarez, que mais tarde se fundiu ao cartel de Félix. Conhecido como “Lord of the Skyes” (Senhor dos Céus, em tradução livre) por suas aeronaves, Amado era peça-chave do cartel de Guadalajara, pois usava seus aviões para transportar drogas aos EUA.

Amado faleceu em 1997 por complicações de uma cirurgia plástica, realizada para modificar sua aparência e enganar as autoridades.

El Azul

Juan José Esparragoza Moreno (Fermín Martinez) era líder do cartel de Sinaloa e membro da DFS. Mais tarde, se uniu a Félix no cartel de Guadalajara, cumprindo as ordens de Amado Carrillo. Com o final do cartel de Guadalajara em 1989, El Azul liderou da cadeia o cartel de Juarez. Mais tarde, exerceria um importante papel nas alianças entre os cartéis de Sinaloa e Juárez na década de 90.

El Chapo

Joaquín Guzmán Loera (Alejandro Edda), mais conhecido como El Chapo, trabalhava no cartel de Guadalajara ao lado de Félix. Com o fim daquele cartel, El Chapo se tornou o líder do cartel de Sinaloa, bem como um dos maiores traficantes da história recente do México.

Preso por três vezes, El Chapo conseguiu escapar de duas das prisões, dentre elas, a penitenciária de segurança máxima em Almoloya, que mantém preso o próprio Félix. Extraditado para os EUA por seus crimes envolvendo o tráfico internacional de drogas, El Chapo atualmente aguarda julgamento em Nova York.

O traficante figurou em 2013 na lista das pessoas mais poderosas do mundo de acordo com a revista Forbes.

Apesar da repetição da fórmula da série anterior (e da falta de Pedro Pascal), Narcos: México continua trazendo uma história aparentemente inacreditável inspirada no narcotráfico latino-americano. Quem dera fosse o tráfico e a corrupção institucionalizada apenas fruto da imaginação dos roteiristas.

Alguns dos fins desses personagens na vida real te impressionou? Deixe nos comentários!

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