Felicidade por um Fio | O final feliz que toda mulher merece

Em uma época que a autoaceitação e a representatividade se veem cada vez mais exaltadas, uma das novas produções da Netflix, Felicidade por um Fio, entra na lista de filmes que conseguem realizar isso com maestria e, além disso, quebrar padrões de narrativas de filmes românticos.

O filme é uma adaptação do livro de mesmo nome, Nappily Ever After, da autora Trisha Thomas, e narra a história de Violet Jones (Sanaa Lathan), a qual acreditamos ser a menina prodígio: bem sucedida no amor e na vida profissional. Entretanto, após um término doloroso, Violet decide rever suas escolhas e seu estilo de vida.

Ao ler isso, você pode pensar que é mais um filme raso de romance em que a mulher passa o tempo todo sofrendo pelo homem. Mas não é.

Sem notar, Violet acaba entrando em um processo libertador chamado transição capilar e, ao vermos o trailer, nos enganamos ao pensar que isso seria o assunto do filme. A obra trata de diversos assuntos, interligando uns com os outros, como racismo e machismo, sem deixar de dar a devida importância para cada um. Ao observar Violet se libertar, é notável que todas as áreas de sua vida sofrem mudanças drásticas, inclusive a relação com sua mãe, que cuidou a vida toda de Violet e também sofre com os padrões impostos desde sempre para elas, principalmente pelo fato de serem mulheres negras.

Desde que o trailer de Felicidade por um Fio foi lançado, minha atenção e minha ansiedade foram despertadas, tal como as de muitas mulheres que passaram pela transição capilar. Mulheres que são obrigadas a alisar o cabelo desde pequena, seja por motivos financeiros (não poder cuidar devidamente do cabelo crespo ou cacheado), seja por pressão estética, ou os dois, são privadas de diversas situações.

No filme, por exemplo, Violet não pode entrar em uma piscina ou suar sem expressar o mínimo de desespero, retratando exatamente as pressões que mulheres (principalmente negras) sofrem para ser extremamente perfeitas o tempo todo.

A personagem é criticada o tempo todo por estar careca, causando reações exageradas, como desmaios alheios, além de ouvir frases como ‘’homens gostam de cabelos longos’’. O que não é mentira. Pode parecer impossível, porém, em grupos de Facebook de transição capilar, diversas mulheres já desabafaram o término de seus namoros devido ao comprimento dos seus cabelos.

Apesar de ser o famoso filme água com açúcar, Felicidade por um fio retrata a prisão que a química representa para mulheres cacheadas e crespas. E, ao tentarmos sair dela, temos que resistir e não ceder às críticas alheias, além das nossas, devido ao histórico de rejeição que nossos cabelos sofreram. Sendo assim, estamos sujeitas a reproduzir com nós mesmas e uma com as outras, o que é muito bem retratado na relação entre Violet e a pequena Zoe.

O desenvolvimento da personagem é extremamente reconfortante de se assistir, pois, conforme o filme passa, Violet se descobre uma mulher corajosa, liberta e, principalmente, feliz consigo mesma. Felicidade por um fio retrata como a imagem que temos de nós mesmas pode afetar diversas áreas de nossas vidas e que o maior relacionamento que temos é conosco, por isso, precisamos torná-lo saudável.

E esse é o verdadeiro final feliz.

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