5 filmes injustiçados pelo Oscar 2018 que você deveria assistir

Com a aproximação do Oscar 2018, a maior premiação da indústria do cinema, aumenta a procura pelos afortunados nove filmes que foram indicados ao prêmio. Entretanto, nem sempre a Academia é justa, e às vezes deixa de lado algumas obras que mereciam ao menos uma indicação à estatueta.

Pensando nisso, fizemos uma lista com os 5 filmes que mereciam figurar entre os indicados ao Oscar de Melhor Filme em 2018. Apesar da Academia ter aumentado o limite de nomeações a Melhor Filme de 5 para até 10 obras em 2009, como neste ano há 9 concorrentes, essa inclusão acabaria por excluir alguns dos atuais indicados. Isso não seria um problema, pois estes rejeitados substituiriam com facilidade alguns dos nomeados.

 

 

Veja a lista abaixo:

1 – Mudbound: Lágrimas sobre o Mississipi

 

Essa longa distribuído pelo Netflix americano chegou aos cinemas brasileiros em 15 de fevereiro em um circuito muito limitado, com pouquíssimas salas e horários. Indicado a apenas quatro Oscars (dentre eles Melhor Atriz Coadjuvante e Roteiro Adaptado), Mudbound: Lágrimas sobre o Mississipi fez história com uma de suas nomeações, já que pela primeira vez uma mulher é indicada à estatueta de Melhor Fotografia (Rachel Morrison).

Dirigido por Dee Rees (Bessie), o filme conta a história de duas famílias, uma de brancos e uma de negros, que habitam uma fazenda no Mississipi durante a 2ª Guerra Mundial. Após o retorno de Jamie McAllan (Garret Hedlund) e Ronsel Jackson (Jason Mitchell), que lutaram na guerra, surgem conflitos entre as duas famílias.

O filme aborda de forma poderosa o racismo, com cenas muito fortes que propositalmente incomodam o público. Sua mensagem é forte, mostrando aos telespectadores que tão (ou mais) perigoso quanto a guerra é o preconceito enraizado em nossa sociedade e difundido pelos “homens de bem”. Entretanto, a moral do filme é muito bonita, e sintetizada na música final “Mighty River”, que concorre ao Oscar de Melhor Canção Original.

Apesar de ter sido esnobado pelo Oscar, Mudbound: Lágrimas sobre o Mississipi foi indicado a inúmeras premiações, tendo ganhado o prêmio Especial do Júri no Gotham Awards, importante cerimônia para o circuito de filmes independentes.

 

2 – Extraordinário

 

Este filme teve uma estreia modesta, ofuscada pela força de Star Wars: Os Últimos Jedi. Baseado no livro homônimo de R. J. Palacio, Extraordinário conta a história de Auggie Pullman (Jacob Tremblay) um menino que nasceu com uma condição médica que causa deformidade facial, tendo passado ao longo da vida por 27 cirurgias. Por medo de como as outras crianças iriam tratá-lo, seus pais Isabel (Julia Roberts) e Nate (Owen Wilson) decidiram educá-lo de casa. Mas quando Auggie completa 10 anos, resolvem que é importante para ele aprender a socializar, e então o matriculam no colégio pela primeira vez.

Dirigido por Stephen Chbosky (escritor do livro e diretor do longa As Vantagens de Ser Invisível), o filme aborda um tema pesado de forma extremamente sensível. Pelo enredo, Extraordinário tinha tudo para ser um dramalhão, que arranca lágrimas da plateia a qualquer custo, mas Chbosky consegue conduzir o longa de forma não apelativa. Por esta habilidade já demonstrada em As Vantagens de Ser Invisível, Chbosky pode ser considerado um dos diretores mais promissores da atualidade.

O grande mérito do filme é fazer o telespectador se emocionar de forma espontânea e genuína, sem forçar situações tristes, ou realçar as que já são trágicas. Um dos recursos para alcançar isso foi focar a história não somente em Auggie, vitimizando o personagem, mas também em como sua condição moldou todos ao seu redor. Além de Auggie, sua mãe, irmã (destaque para a interpretação de Izabela Vidovic no papel de Olivia) e amigos alternam entre os narradores, e contam o seu ponto de vista sobre como a presença de Auggie modificou suas vidas. Todos têm voz na história, todos têm questões, e isso enriquece o filme. Torna-o mais verossímil.

Esnobado pelo Oscar, foi indicado somente à Melhor Maquiagem. No entanto, esse resultado já era esperado, já que o longa não se destacou nas demais premiações ao longo de 2017.

 

3 – Eu, Tonya

 

Eu, Tonya conta a história verídica da patinadora de gelo Tonya Harding (Margot Robbie), da sua ascensão ao estrelato até sua queda (no sentido figurado da palavra). O filme retrata a vida de Harding, a relação conturbada com sua mãe (Allison Janney) e o relacionamento abusivo que tinha com seu marido (Sebastian Stan).

O australiano Craig Gillespie (A Garota Ideal) dirige o longa, que tem contornos de comédia apesar dos temas sérios que aborda. Parte disto se dá pelo caráter bizarro do incidente que manchou para sempre a carreira de Tonya, e pela excentricidade dos envolvidos nele. Se você não conhece a história da patinadora, sugerimos que não pesquise nada sobre ela e se deixe ser surpreendido pelo filme.

Os destaques principais de Eu, Tonya, além da própria história, são as atuações de Margot Robbie e Allison Janney. Tanto que o filme recebeu apenas três indicações ao Oscar, dentre elas Melhor Atriz e Atriz Coadjuvante. Para o azar de Robbie, este ano foi repleto de atuações poderosíssimas na categoria de Melhor Atriz (como as de Sally Hawkins e da favorita Frances McDormand), de modo que dificilmente levará a estatueta. Por outro lado, é quase certo que Janney vencerá o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante, já que ela levou o Globo de Ouro, BAFTA e SAG por sua interpretação de LaVona, mãe de Harding.

 

4 – Projeto Flórida

 

Projeto Flórida foi provavelmente o grande injustiçado do Oscar e das demais grandes premiações cinematográficas, como Globo de Ouro, SAG Awards e BAFTA. O longa é dirigido por Sean Baker, o aclamado diretor que gravou o cult Tangerine com apenas um iphone, e conta a história de Moonee (Brooklynn Prince), uma garotinha de apenas 6 anos que mora com sua mãe Halley (Bria Vinaite) em um quarto de um motel americano em Orlando, nas proximidades dos parques da Disney.

O longa traz a realidade das famílias pobres e marginalizadas que se desdobram para pagar semanalmente os quartos de motel que chamam de lar. São famílias inteiras que dividem um único e pequeno cômodo, composto de quarto e banheiro. Essa realidade crua já seria o suficiente para emocionar o telespectador, mas o fato de a história se passar nas proximidades da Disney, destino dos sonhos para crianças e adultos de todo o mundo, torna o filme ainda mais arrebatador.

A protagonista é Moonee, que passeia pelos contornos dos parques, lugar onde os sonhos se realizam, com uma inocência avassaladora. Aquela realidade não lhe é palpável. Seu único Magic Kingdom é o complexo onde habita, que leva o mesmo nome do grandioso parque da Disney. Tão perto, e ao mesmo tempo tão distante.

Brooklynn Prince é uma força da natureza, e o fato de não estar sequer indicada ao Oscar de Melhor Atriz é algo incompreensível e injustificável. Outra novata que foi descoberta pelo diretor por sua conta no Instagram foi Bria Vinaite, que interpreta Halley, a mãe de Moonee. Vinaite infelizmente não foi indicada ao Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante.

O único Oscar que Projeto Flórida concorre é o de Melhor Ator Coadjuvante para Willem Dafoe, que interpreta o gerente do motel Magic Kingdom. Dafoe foi o carro-chefe do filme, servindo para lhe dar mais visibilidade, já que a maioria dos outros atores são estreantes.

Apesar de ter sido renegado pelas grandes premiações, Projeto Flórida é uma obra-prima que solidifica Sean Baker como um grande contador de histórias reais, com personagens tão crus e viscerais quanto os atores novatos que descobre na internet e elenca para suas obras.

5 – Terra Selvagem

 

Dirigido por Taylor Sheridan (roteirista de Sicario: Terra de Ninguém) Terra Selvagem conta a história de Cory Lambert (Jeremy Renner), um guarda florestal que ajuda a agente do FBI Jane Banner (Elizabeth Olsen) a desvendar a morte de Natalie (Kelsey Asbille), uma descendente de indígenas em uma zona rural extremamente fria esquecida pela sociedade.

Os diálogos não são brilhantes e há muitas frases de efeito, principalmente de Lambert, que faz o típico herói sério e sabichão. Porém, a força de Terra Selvagem está na história que conta e na discussão que pretende acender. Em um país tão miscigenado e rico, será que todas as vidas importam da mesma forma?

Este longa foi completamente esquecido pelo Oscar, mas seu motivo é palpável. Por azar, Terra Selvagem foi produzido e distribuído pela Weinstein Co., produtora de Harvey Weinstein, amplamente acusado de assédio sexual por diversas atrizes de Hollywood. O caso de Weinstein foi o primeiro a chegar às manchetes em 2017, e após ele diversos outros figurões também foram denunciados.

Qualquer produção que estivesse associada a Weinsten a partir de 2017 sofreria o baque, mas no caso de Terra Selvagem a mácula foi ainda maior pela temática do longa. Afinal, como justificar que um filme que aborda crimes cometidos contra mulheres seja produzido por alguém que foi acusado de assediar e estuprar mulheres?

 

Conteúdo Bônus: Em Pedaços

 

Dirigido por Fatih Akin (Soul Kitchen), Em Pedaços conta a história de Katja Sekerci (Diane Kruger), uma alemã que tem seu marido turco Nuri (Numan Acar) e filho Rocco (Rafael Santana) assassinados numa explosão provocada por um casal neonazistas. Desacreditada com o sistema penal, Katja decide fazer justiça com as próprias mãos.

Em Pedaços é um filme forte que trata de xenofobia, neonazismo e preconceito com relação aos muçulmanos. Diane Kruger entrega uma interpretação poderosíssima, que lhe garantiu o Prêmio de Melhor Atriz no Festival de Cannes. Além disso, o filme vem acumulando prêmios, tendo conquistado o Globo de Ouro e o Critics’ Choice Award de Melhor Filme Estrangeiro.

Para a surpresa de diversos críticos de cinema, o longa foi ignorado no Oscar, e mesmo tendo vencido o Globo de Ouro, não foi indicado à estatueta de Melhor Filme Estrangeiro. Entretanto, é um filme no mínimo relevante por tratar de temas tão atuais e sensíveis em nossa sociedade.

 

Você já assistiu a esses filmes? Para você qual foi a maior injustiça deste Oscar? Não se esqueça de comentar! 😉

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Boo Mesquita

Geek de carteirinha e cinéfila, ama assistir a filmes e séries, ir a shows, ler livros e jogar, sejam games no ps4 ou boards. Quando não está escrevendo, pode ser vista fazendo pole dance, comendo fora ou brincando com cachorrinhos. Me siga no Instagram!

5 thoughts on “5 filmes injustiçados pelo Oscar 2018 que você deveria assistir

  • 28 Fevereiro, 2018 at 12:58
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    Fiquei curiosa sobre vários!

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  • 2 Março, 2018 at 0:46
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    Não conhecia o “Em Pedaços”, botei na minha lista! <3

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  • 7 Setembro, 2018 at 18:13
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    O escritor de As Vantagens de Ser Invisível é roteirista de O Extraordinário, não diretor, e muito menos escritor do livro.
    Em Pedaços é ótimo!

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    • 9 Setembro, 2018 at 23:10
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      Olá, Ruan! Depois do seu comentário eu até fui ao IMDb confirmar, mas realmente o escritor de As Vantagens de Ser Invisível é o Stephen Chbosky e ele de fato foi o diretor de As Vantagens de Ser Invisível e Extraordinário…ele apenas não foi o escritor do livro Extraordinário. Vou deixar o link do IMDb aqui para você confirmar essas informações: https://www.imdb.com/name/nm0154716/?ref_=tt_ov_dr#director
      Obrigada pelo seu comentário! =)

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